Estava quase tudo pronto para um anúncio de um pacotão de medidas econômicas para colocar o país de volta nos trilhos do crescimento. No entanto, o programa que poderia render maior capital eleitoral para o presidente Jair Bolsonaro, o Renda Brasil, desagradou o capitão. Informado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o valor do auxílio seria de 247 reais, Bolsonaro pediu mais estudos para tentar elevar os pagamentos.
Assim, Guedes voltou da reunião do Palácio do Planalto com a informação de que os programas que estavam sendo gestados há semanas e que seriam anunciados nesta terça-feira, 25, ficaram “para a próxima semana”. Segundo um auxiliar do ministro, os assessores técnicos voltarão às suas mesas para encontrar alguma solução que possa agradar o presidente. Guedes, contudo, não prometeu um valor maior. O ministro deixou claro ao presidente que as restrições fiscais são graves e que desejos não podem se sobrepor às necessidades do país.
Bolsonaro vê no Renda Brasil a sua maior chance de viabilizar a reeleição. A partir da criação do Auxílio Emergencial, ele entendeu o impacto político que medidas assistencialistas possuem sobre sua avaliação perante a população. Atualmente, mais de um terço dos que apoiam seu governo recebem o benefício. Contudo, o valor praticado de 600 reais é inviável do ponto de vista fiscal. O custo é de 50 bilhões por parcela, 600 bilhões de reais em um ano. Por outro lado, o presidente entende que 247 reais propostos para o Renda Brasil é baixo demais e pouco se distancia do Bolsa Família. Ao todo, o programa orçado por Guedes supera em cerca de 50 bilhões de reais por ano o custo do Bolsa Família. Mais caro e abrangente que o programa atual, mas muito longe do valor da medida emergencial.
ASSINE VEJA
Clique e AssineGuedes, para alcançar o valor, fez um longo exercício de realocações orçamentárias. Para contemplar o aumento substancial, alterou quatro programas: Abono Salarial; Salário-Família; Seguro-Defeso; e Farmácia Popular. Terá de mexer em outros. A fronteira final, na visão do ministro, seria o Benefício de Prestação Continuada, o BPC. Contudo, todas as vezes que Guedes tocou no assunto, as mudanças foram rechaçadas no Congresso.