Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Investimento em bitcoin ainda pode valer a pena, dizem analistas

Moeda virtual teve valorização impressionante em 2017 e pode ser uma aposta viável para quem procura alto risco e entende sua dinâmica

Por Felipe Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 dez 2017, 18h27 - Publicado em 24 dez 2017, 08h17
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Quem comprasse um bitcoin há um ano e o vendesse na semana passada receberia mais de 19 vezes o valor investido. Mas quem repetisse a mesma estratégia desde o último domingo estaria sujeito a uma queda de quase 40% – incluindo uma perda de 25% apenas em um dia. Em meio a grandes oscilações, especialistas dizem que investir na criptomoeda ainda pode valer a pena, desde que com cautela e conhecendo quais são os riscos e limites desse negócio.

    Apesar de ser chamado de moeda, o bitcoin se assemelha mais a um ativo financeiro – como uma ação de empresa. Isso porque apesar de ser considerado valioso, não tem características como aceitação ampla e nem uma referência do seu valor, por mudar de preço muito rápido.

    Neste ano, começou cotado a 997 dólares (3.326 reais) e chegou a 19.783 dólares (66.015 reais) no último domingo. “Não se pode dizer que um carro vale 5 bitcoins, por exemplo”, explica Marcos Piellusch, professor de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA). “Essa referência não existe no mercado, porque a volatilidade é muito grande.”

    Valorização

    A falta de referência está ligada à natureza desse investimento virtual. Criado por entusiastas em tecnologia, o bitcoin é transacionado livremente pela internet, sem regulamentação nem empresa ou governo responsável por ele. Assim, a definição do seu valor é feita pelas corretoras, que são empresas que fazem a conversão por dinheiro do “mundo real”.

    O valor do “câmbio” depende da oferta e demanda existente em cada uma delas. Os valores usados nesta reportagem são do índice do site Coindesk, que reúne informações de quatro empresas com alto volume de transações.

    A grande oscilação ao sabor das negociações faz surgir o temor de que o valor do bitcoin esteja em uma “bolha” – ou seja, hipervalorizado. Os especialistas ouvidos por VEJA não entram em consenso sobre essa possibilidade. “É inegável que o preço subiu muito rapidamente. Por outro lado, ele tem seu valor, por ter utilidade ao facilitar transações internacionais. E o aumento de transações, a aceitação maior no Japão e nos EUA e a estreia na Bolsa de Chicago explicam a melhora no período recente”, diz Paschoal Baptista, sócio-líder de TI para a Indústria de Serviços Financeiros da Deloitte. “Está em uma bolha sim. Vai ter um dia que em que as pessoas vão se dar conta que o preço está muito alto. Daí, a cotação vai ladeira abaixo”, estima  André Miceli, coordenador de marketing digital da Fundação Getulio Vargas (FGV).

    Continua após a publicidade

    Riscos

    O que chama a atenção dos analistas é a quantidade de pessoas aderindo a uma aposta de altíssimo risco antes de fazer investimentos mais tradicionais como em ações. E isso mesmo sem conhecer seu funcionamento e limitações.

    Além da oscilação do valor, há fatores como a possibilidade de perda das carteiras – espécie de senha pessoal de acesso aos bitcoins. Na última terça-feira, uma corretora sul-coreana declarou falência após hackers roubarem uma quantidade não revelada de carteiras dos seus clientes.

    Outro fator que pode influenciar o desempenho futuro do bitcoin são as limitações técnicas. Uma transação demora pelo menos 10 minutos para acontecer, enquanto há outras moedas virtuais bem mais rápidas, como Litecoin e Ethereum.

    A falta de regulamentação por governos é outro fator de incerteza, pois é possível que surjam proibições e restrições à moeda virtual, o que reduziria seu valor. E o avanço das criptomoedas está no radar das autoridades brasileiras. O Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já se manifestaram sobre o assunto, mas sem impor regras. Já a Receita Federal tributa ganhos com acima de 35.000 reais por ano nas operações com moedas virtuais.

    Continua após a publicidade

    Nesse cenário, uma recomendação dos especialistas é avaliar as empresas responsáveis pelas transações, que são quem definem regras e preços. “As corretoras trazem um risco inerente que é o tempo em que recebem os seus reais para converterem em bitcoins, ações ou similares e caso você deixe os seus bitcoins em custódia com eles, em vez de transferi-los para sua wallet [carteira]. Por esse motivo, a escolha de corretora para operar também é relevante”, diz Baptista.

    Comportamento

    O benefício trazido pelas criptomoedas como o bitcoin, de permitir transações seguras pelo uso da tecnologia chamada de blockchain, é apontado como um fator revolucionário e com bom potencial. “Não tenho dúvida que as moedas virtuais se tornarão correntes, a dúvida é se é o bitcoin será”, diz Miceli.

    Os especialistas dizem que devido ao histórico recente – surgiu em 2009 – e as indefinições, é difícil prever o comportamento do bitcoin. A comparação com o ouro, feita porque o bitcoin também é finito, não é adequada. “O ouro já passou por várias crises. O bitcoin ainda não. Apareceu depois da crise global de 2008”, diz Pielluschi.

    Perspectivas

    Sabendo dos riscos, a criptomoeda pode ser uma aposta para quem procura investimento de alto risco. “Se o seu perfil de risco está adequado, se a sua carteira está adequada, não tem momento [para começar a investir], desde que tenha condições de assumir as perdas. É possível assumir um risco didaticamente”, recomenda Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper.

    Continua após a publicidade

    Um alerta é ficar atento à ganância por altos ganhos, seja pela valorização recente, seja por sucessos anteriores. O comportamento do passado não garante resultado futuro. “Se você tiver um ganho muito bom, realize esse ganho. Venda e coloque o dinheiro na sua conta. Não queira ficar milionário com 1.000 reais”, diz Piellusch.

    Para Sergio Tanaka, que investe na moeda virtual há sete anos, mesmo com a alta recorde, a perspectiva é de mais alta daqui a pouco. “Janeiro, historicamente, é um mês mais parado nesse negócio”, diz.

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.