Graças à forte recuperação das economias dos Estados Unidos e da China, em abril, o Brasil conseguiu atrair valores significativos de investimentos internacionais mesmo com o complicado ambiente doméstico de risco fiscal. Até a quarta-feira, 14, a bolsa brasileira recebeu 4,33 bilhões de reais de investimento estrangeiro no mês, para levar o saldo anual a 3,12 bilhões de dólares. Em março, os estrangeiros haviam retirado do país 4,61 bilhões de dólares, deixando o balanço no negativo.
Dados chineses e americanos divulgados nesta semana apontaram sinais fortes de crescimento das maiores economias globais após as baixas causadas pela pandemia da Covid-19. A efetividade na vacinação aponta uma reabertura das atividades econômicas e do consumo, o que ajudaram o Ibovespa a ignorar os problemas domésticos. Nesta sexta-feira, 16, o índice fechou em 121.113,93, alta semanal de 2,93% e mensal de 3,84%. O patamar dos 121 mil pontos estava perdido desde o dia 14 de janeiro, quando o presidente Jair Bolsonaro demitiu o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
“Houve uma melhora na percepção de risco global e isso favorece muito os mercados emergentes e de commodities”, diz Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office. “Os ativos brasileiros estão muito ligados às commodities e se beneficiaram desse apetite global”, diz ele. A semana foi de renovação de recordes nas bolsas americanas. O S&P 500 teve alta semanal de 1,37%, e mensal de 5,35%. Já a Nasdaq registrou variação semanal de 1,19% e mensal de 6,08%.
A preocupação com a inflação também arrefeceu e os juros dos Títulos do Tesouro Americano para 10 anos encerraram no baixo patamar de 1,59%. Consequência da expectativa pela aprovação do pacote de infraestrutura de Biden e da expectativa pela manutenção da taxa de juros baixa pelo Fed, a oferta de dólar aumenta. É uma boa notícia para o Brasil.
Quem ganhou com o apetite ao risco americano foi o real, que se valorizou 1,73% em relação ao dólar na semana e 0,82% no mês, a 5,584 reais. A tendência é que os auxílios trilionários americanos continuarão derretendo o dólar em relação às moedas mundiais. Neste contexto, a moeda brasileira, já bastante desvalorizada nos últimos meses, se torna um investimento interessante, com bastante potencial de crescimento. O orçamento de 2021 e o risco fiscal, no entanto, continuam à espreita e, dependendo de seus rumos, podem contrabalancear as boas expectativas quanto ao real.