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JBS ameaça processar BNDES por prejuízos causados por declarações

O valor de mercado da companhia caiu quase R$ 1 bi no mesmo dia em que o presidente do BNDES criticou a troca do presidente da JBS

Por Da redação
Atualizado em 19 set 2017, 19h20 - Publicado em 19 set 2017, 17h09
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  • A JBS avisou nesta terça-feira o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e seu braço de participações BNDESPAr que pode tomar medidas legais contra ambos após os prejuízos causados pelas declarações do presidente do banco de fomento, Paulo Rabello de Castro. No documento, a JBS informa que as entrevistas “trouxeram grave impacto para a JBS, como evidencia a variação do preço de suas ações na B3” – os papéis da companhia sofreram uma desvalorização de quase 4%, fazendo com que seu valor de mercado caísse em 955 milhões de reais.

    Em entrevista à Reuters, Rabello de Castro criticou a reunião extraordinária do conselho de administração da JBS, realizada no sábado à noite, que aprovou a nomeação de José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, para a presidência da companhia. José Batista Sobrinho ficou no lugar do filho Wesley Batista, preso na semana passada. Rabello de Castro disse que a reunião “na calada da noite foi um ato de malandragem” e que a representante do BNDSPar no conselho, Claudia Silva de Azeredo Santos, não deveria ter comparecido.

    Em carta da JBS endereçada a Rabello de Castro, a JBS adverte que poderá tomar medidas legais junto ao “Ministério Público, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao Poder Judiciário e à Câmara de Mercado da B3”.

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    “O fato de o segundo maior acionista da companhia, principal banco de fomento do país, afirmar, peremptoriamente, que questionará a validade jurídica da reunião do Conselho de Administração que elegeu o seu diretor-presidente, tem, evidentemente, enorme impacto sobre o mercado. Por isso, a tomada de uma decisão dessa natureza, ou sua divulgação ao mercado, no curso do pregão, deveria ter sido cercada de todos os cuidados. Isso, porém, não parece ter ocorrido”, diz a JBS.

    A JBS diz na carta que as declarações de Rabello de Castro podem configurar violação do artigo 115 da Lei 6.404/1976, “que impõe a todos os acionistas, inclusive não-controladores, o dever de agir no interesse da companhia, sendo responsáveis pelos danos que lhe forem causados”.

    Além disso, ele pode ser acionado pelos crimes de calúnia, injúria e difamação, tipificados nos artigos 138 a 140 do Código Penal.

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    A JBS ainda alerta para o possível crime de manipulação do mercado. “Dado que os fatos ocorreram durante o funcionamento do mercado, envolvendo a divulgação de notícias com consequências materiais para a companhia e, portanto, com potencial de impacto sobre o preço das ações de sua emissão, envolvendo, inclusive, mudança da posição do BNDES divulgada no curso do dia, cumpre ponderar, ainda, a verificação, no caso concreto, da hipótese de manipulação do mercado.”

    Procurados, JBS e BNDES não se manifestaram sobre o documento enviado a  Rabello de Castro. O BNDES informou que o presidente do banco está acompanhando Michel Temer em viagem aos Estados Unidos. No Twitter, o presidente do BNDES disse que os brasileiros não aguentam mais desmandos com dinheiro público.

     

     

    Conselho de administração

    O BNDES definiu ontem dois novos representantes no conselho de administração da JBS. O banco público de fomento detém 21,31% do capital da processadora de carnes.

    Os nomes escolhidos para representar o BNDES no conselho foram: Cledorvino Bellini, ex-presidente da Fiat, e Roberto Penteado Camargo Ticoulat, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo. Escolhidos hoje, eles ocuparão os lugares dos representantes atuais: Cláudia Santos e Maurício Luchetti.

    Apesar de criticar a assembleia extraordinária, o presidente do BNDES divulgou nota informando que não questiona o mérito do voto da conselheira do banco, já que “ela atua com o devido grau de independência prescrito pelas melhores práticas de governança”.

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    “A crítica do presidente se restringe às circunstâncias da reunião do conselho, convocada às pressas mesmo diante da vacância do cargo ter ocorrido ainda na manhã do último dia 13”, informa o BNDES em nota.

    O banco informa que solicitou à área jurídica as providências necessárias para obter uma posição da câmara arbitral ou da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre as divergências da instituição com a companhia.

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