Parece que a Petrobras não tem incomodado apenas ao presidente Jair Bolsonaro. Ex-chefe do escritório da Agencia Nacional de Petróleo (ANP) em Salvador, na Bahia, o ministro da Cidadania, João Roma, não poupou críticas à postura da empresa em um momento de afloramento da guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Para ele, um país autossuficiente na produção de petróleo, como é o caso do Brasil, não pode ser refém da política de preços praticada pela companhia. Ao mesmo tempo, Roma chama a atual estrutura do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de “esdrúxula” e lamenta que alguns estados tenham se beneficiado do avanço nos preços da commodity para aumentar suas receitas.
“Numa situação como essa, em um momento como o que estamos vivendo, é plausível que alguns estados tenham aumentado tanto a sua arrecadação de forma sorrateira?”, questiona Roma. “Beneficiaram-se do aumento de um item que abrange a sociedade de forma ampla. Essa estrutura do ICMS é esdrúxula. Não dá para ficar de braços cruzados e não se sensibilizar com isso.”
Ainda que ressalte não ser o “porta-voz” para o tema (no caso, seria o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque), Roma não deixa de dar a sua opinião e diz que o governo federal está “cedendo tudo” em busca de uma solução para o preço da commodity, que afeta diretamente o valor da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. “O governo federal está cedendo tudo. O ideal é que nós tivéssemos conseguido avançar na reforma tributária, que é a principal das reformas do nosso Brasil”, diz. “A gente está vivendo um momento em que se pede um gatilho. Hoje, há uma curva muito nervosa. Se, por um lado nós precisamos ter responsabilidade na segurança jurídica, por outro, há um clamor da sociedade por uma solução. Não dá simplesmente para ficar de braços cruzados e dizer que a Petrobras, por ter acionistas minoritários, precisa ser preservada.”