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Juros do cartão de crédito sobem em outubro e chegam a 317%

Taxa média cobrada no rotativo teve alta de 9,4 pontos percentuais; cheque especial registrou pequena queda de 1,7 ponto, para 306% ao ano

Por da Redação
Atualizado em 27 nov 2019, 13h40 - Publicado em 27 nov 2019, 13h18

Os juros do rotativo do cartão de crédito subiram em outubro, enquanto outras modalidades de crédito para as famílias apresentaram retração, informou o Banco Central nesta quarta-feira, 27. A taxa média da modalidade do cartão teve alta de 9,4 pontos percentuais em relação a setembro, chegando a 317,2% ao ano. A taxa média é formada com base nos dados de consumidores adimplentes e inadimplentes.

O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.

No caso do cliente adimplente, que paga pelo menos o valor mínimo da fatura do cartão em dia, a taxa chegou a 285,4% ao ano em outubro, queda de 4,8 pontos percentuais em relação a setembro. Já a taxa cobrada dos clientes que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo da fatura (rotativo não regular) os juros subiram 18,5 pontos percentuais, indo para 338% ao ano.

O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, destacou que o rotativo do cartão deve ser evitado. “É uma modalidade para recursos emergenciais quando o planejamento financeiro não deu certo, e deve se buscar sair dela o mais rapidamente possível”, disse. Ele explicou que os juros do rotativo subiram porque um banco e uma financeira elevaram as taxas, em outubro, o que elevou a média.

Em 2018, o Conselho Monetário Nacional definiu que clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito passem a pagar a mesma taxa de juros dos consumidores regulares. Mesmo assim, a taxa final cobrada de adimplentes e inadimplentes não será igual porque os bancos podem acrescentar à cobrança os juros pelo atraso e multa. Na modalidade de parcelamento das compras pelo cartão de crédito, a taxa chegou a 179,7% ao ano em outubro, com aumento de 1,5 ponto percentual.

Cheque especial

A taxa de juros do cheque especial caiu 1,7 ponto percentual em outubro, comparada a agosto, e chegou a 305,9% ao ano. Apesar de estar menor, a taxa do cheque especial está entre as modalidades de crédito mais caras para as famílias e a recomendação do BC é que só seja usado em situações emergenciais.

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No ano passado, os bancos anunciaram uma medida de autorregulamentação do cheque especial. Com as novas regras, os correntistas que utilizam mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos passaram a receber a oferta de um parcelamento, com taxa de juros menores que a do cheque especial definida pela instituição financeira.

A taxa de juros do crédito pessoal não consignado caiu para 99,1% ao ano em outubro, com recuo de 13,8 pontos percentuais em relação a setembro. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) recuou 0,5 ponto percentual, indo para 20,9% ao ano no mês passado.

De acordo com o BC, a taxa média de juros para pessoa física caiu 1,6 ponto percentual em outubro, chegando a 49,7% ao ano. A taxa média das empresas ficou em 17,6% ao ano, queda de 0,2 ponto percentual.

A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas ficou estável em 5%. Entre pessoas jurídicas a inadimplência permaneceu em 2,5% em outubro. Esses dados são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes.

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No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito) os juros para as pessoas físicas caiu 0,1 ponto percentual para 7,6% ao ano. A taxa cobrada das empresas caiu 0,4 ponto percentual para 8% ao ano.

A inadimplência das pessoas físicas no crédito direcionado permaneceu em 1,8% e a das empresas caiu 0,1 ponto percentual para 1,9%.

Saldo dos empréstimos

Em outubro, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos ficou em 3,372 trilhões de reais, com expansão de 0,3% em relação a setembro, de 3,5% no ano e de 6,3% em 12 meses. A expansão em 12 meses é a maior desde dezembro de 2015, quando chegou a 7%. “Depois [de atingir 7% de crescimento], o crédito gradualmente passou para o terreno negativo, se recuperou e agora tem acelerado”, disse acrescentando que isso ocorre “devido ao desempenho do crédito livre”. Esse saldo do crédito correspondeu a 47,6 % de tudo o que o país produz – o Produto Interno Bruto (PIB) -, estável em relação a setembro.

(Com Estadão Conteúdo)

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