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Justiça japonesa pede prisão da mulher de Carlos Ghosn

Segundo a promotoria, Carole Ghosn teria mentido em depoimento dado em abril do ano passado; o executivo deve dar entrevista coletiva na quarta-feira

Por Larissa Quintino Atualizado em 7 jan 2020, 15h31 - Publicado em 7 jan 2020, 09h28

Procuradores de Tóquio emitiram nesta terça-feira, 7, um mandado de prisão para a mulher de Carlos Ghosn, Carole, que está no Líbano. Os oficiais a acusam de ter mentido em um depoimento dado a polícia japonesa em abril do ano passado, informou o jornal britânico Financial Times. O executivo responde a crimes de fraude financeira no Japão e fugiu para o Líbano, terra natal de seus pais e onde mora sua mulher, no fim de dezembro.

O mandado de prisão por perjúrio acusa Carole Ghosn, que é casada com o executivo desde 2016, de ter mentido ao dizer que desconhecia ou que não teria se encontrado com pessoas ligadas a uma empresa que recebeu pagamentos da Nissan Motor, parte dos quais foi transferida subsequentemente a uma firma de Ghosn. O executivo é acusado de quatro crimes financeiros no Japão e respondia em prisão domiciliar após pagamento de fiança, também em abril do ano passado. No acordo, Ghosn teria que cumprir algumas exigências, entre elas não deixar o Japão ou falar com sua esposa. No último dia 30, o executivo brasileiro driblou a polícia japonesa e fugiu para o Líbano. Ghosn também tem cidadania libanesa e francesa.

Em entrevista a VEJA em novembro, Carole afirmou que ficou retida por mais de quatro horas em um apartamento em Tóquio após oficiais de Justiça prenderem pela segunda vez seu marido. “Queria trocar de roupa, tomar um banho. Uma oficial da polícia entrou comigo no banheiro e me revistou, como se eu fosse uma criminosa”, afirmou. Carole, no entanto, reclamou que os promotores levaram pertences pessoais como computadores, cartões de crédito e seu passaporte libanês. Americana, Carole também possui cidadania libanesa. 

O mandado contra Carole foi emitido às vésperas de uma entrevista coletiva que Ghons deve dar no Líbano, onde promete contar o seu lado da história e expor documentos que comprovem o que ele a defesa chamam de conspiração entre o governo japonês e a Nissan. A ação dos promotores japoneses é semelhante ao episódio da segunda prisão de Carlos em que Carole estava no apartamento, já que o episódio aconteceu um dia antes de uma conferência de imprensa anunciada pelo executivo. Seria a primeira vez que ele falaria com jornalistas, após sua primeira prisão, em novembro de 2018. Em comunicado, a defesa de Carole disse que o mandato é “patético”.

“Da última vez, Carlos Ghosn anunciou uma coletiva de imprensa e foi preso de novo. Desta vez, um dia antes de ele falar livremente pela primeira vez, eles emitiram um mandado de prisão para sua esposa, Carole Ghosn”, disse a porta-voz de Ghosn à agência Reuters em Beirute.

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Além do mandado de prisão contra Carole, uma autoridade de alto escalão do Ministério da Justiça disse que funcionários estão estudando as leis libanesas para encontrar uma forma de levar Ghosn de volta e que o Japão “fará tudo que puder” para colocá-lo no banco dos réus.

Conspiração

A defesa de Ghosn afirma que ele foi afastado para destruir qualquer possibilidade de uma fusão entre Nissan e Renault. Segundo os advogados japoneses do executivo, procuradores retiveram indícios, citando preocupações manifestadas pela Nissan de que estes incluem informações sigilosas sobre operações e empregados. A Nissan disse que a fuga de Ghosn do Japão não afetará sua diretriz de responsabilizá-lo por “má conduta grave”.

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