A Procuradoria-Geral do Líbano proibiu nesta quinta-feira, 8, que Carlos Ghosn, ex-chefe da aliança Nissan-Renault, saia do país. A exigência foi dada depois que o empresário foi interrogado pela primeira vez desde que chegou ao país, após fugir do Japão. Autoridades do Líbano receberam o alerta vermelho da Interpol contra o fugitivo da Justiça japonesa. Ghosn, que responde a quatro processos de fraude financeira no Japão, também estava proibido de deixar o país oriental, mas escapou em uma fuga cinematográfica.
Segundo a agência de notícia libanesa ANN, o empresário brasileiro– que também é cidadão libanês e francês — o procurador-geral, Ghasan Oueidat, permitiu que Ghosn resida no país, mas o “impede de viajar” ao exterior devido ao alerta da Interpol, que solicita a prisão preventiva do ex-presidente da Nissan à espera de extradição, entrega ou outra ação judicial similar.
Ghosn, que na quarta-feira passada apareceu em público pela primeira vez desde a fuga, afirmou que estava “preparado para ficar muito tempo” no Líbano, destino escolhido por ele após a fuga no Japão.
Durante entrevista coletiva, Ghosn fez duras críticas ao sistema judiciário japonês, alegando que violaram direitos fundamentais. Segundo o empresário, o índice de condenação no país é de 99% e, no caso de estrangeiros, é ainda maior. “Me senti um prisioneiro dentro de um país pelo qual trabalhei 17 anos”, afirmou. Ghosn foi preso por duas vezes no Japão e responde a quatro acusações de fraudes e desvios de dinheiro da Nissan. Desde abril do ano passado, ele estava em uma espécie de prisão domiciliar, após pagar fiança. Ele podia sair de casa, mas não podia deixar o país, falar com a sua mulher, Carole Ghosn, além de precisar de precisar avisar autoridades se fosse se locomover.