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Leilão de linhas de metrô de SP deve atrair poucos interessados

Envolvimento de grandes empresas do setor na Lava Jato e necessidade de operar monotrilho estão entre os motivos apontados por especialistas

Por Estadão Conteúdo
18 jan 2018, 10h36

O leilão de concessão das linhas 5-Lilás e 17-Ouro do Metrô de São Paulo deve atrair a participação de um grupo restrito de empresas, com perfil voltado à operação do serviço metroviário. O processo está marcado para acontecer na sexta-feira, na bolsa de valores de São Paulo (B3) e motiva greve de metroviários nesta quinta. Segundo especialistas, como a maioria dos grupos locais que poderiam se interessar por esses ativos acabaram envolvidos na Lava Jato, as apostas se concentram na CCR, que tem sinalizado vontade de participar da disputa, e em grupos internacionais.

Como o edital prevê a concessão da operação e manutenção das linhas, deixando de lado a responsabilidade pela construção, a licitação deverá atrair a atenção de empresas que atuam nessa área em específico, diz Luis Eduardo Serra Netto, sócio do Duarte Garcia Advogados. Para ocupar o vazio no mercado deixado por grandes empresas envolvidas em corrupção (como Odebrecht e OAS), o advogado aposta na atração de grupos internacionais para a disputa. “Deve haver surpresas em termos de novos licitantes, de participação de empresas que ainda não estão operando no mercado brasileiro.”

Outro aspecto que tende a reduzir o número de participantes, e até mesmo a atratividade da licitação, é o fato de a linha 17 ter sido incluída no pacote de concessão. O monotrilho é visto pelo mercado como um ativo difícil: sua tecnologia é bastante discutida, e existe ainda o entendimento de que sua operação não para de pé sozinha.

“Não basta que o concorrente seja interessado em operar metrô, tem de ser alguém que possa contratar gente que consiga lidar com monotrilho”, pontua Letícia Queiroz, sócia do escritório Queiroz Maluf. A advogada lembra que há uma dificuldade adicional de integração tecnológica da infraestrutura com os trens – mesmo que não tenha sido encarregada de adquirir as máquinas, a concessionária terá de ter algum tipo de interação com os poucos fornecedores de monotrilho que estão no país.

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Conforme informou a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM), quatro empresas fizeram visitas técnicas às linhas, etapa em que interessados na licitação podem verificar a infraestrutura existente que será assumida pela futura concessionária. São elas a CCR, a argentina Benito Roggio (que opera o metrô de Buenos Aires), a Primav, do grupo CR Almeida, e a espanhola CAF.

“A CAF é uma grande parceira do governo do Estado, forneceu o último lote de trens da linha 5. Ela é fabricante, então tem alguma familiaridade com o assunto”, comenta Serra Netto sobre a possível participação da empresa no leilão. Já para outra fonte do mercado, faria sentido esperar que a espanhola entre em consórcio com as empresas Benito Roggio e Primav, citadas pela STM.

Já o Grupo CCR é forte candidato a participar da disputa, principalmente após ter se ausentado da briga pelo trecho Norte do Rodoanel na semana passada. Além de deter 75% do controle da ViaQuatro, concessionária da linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo, a companhia atua ainda na construção e operação de outros ativos de mobilidade urbana fora do Estado. 

O leilão não deve atrair uma “mão cheia” de consórcios e concorrentes, avalia Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral. Mas a questão não é propriamente a atratividade, e sim o perfil das atividades propostas na licitação. “Em uma visão mais macro, a concessão de metrô no Brasil, em cidades com o perfil de São Paulo, terão sempre alta atratividade para potenciais concessionários”, diz ele.

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