Lucro do BNDES cresce 11% em 2024, para 13,2 bilhões de reais, e crédito bate recorde
Carteira de crédito do BNDES cresce 26% no ano passado e alcança o recorde de 276,5 bilhões de reais

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) encerrou 2024 com lucro líquido recorrente de 13,2 bilhões de reais. O resultado é 11% maior que o do ano retrasado. Já a carteira de crédito cresceu 26% na mesma comparação, atingindo o recorde de 276,5 bilhões de reais. A cifra é composta por 212,6 bilhões de reais em aprovações e 63,9 bilhões em garantias. Em 2023, a carteira de crédito totalizou 219,9 bilhões, sendo 174,5 bilhões em aprovações e 45,4 bilhões em garantias.
Quando se considera a distribuição do crédito entre os principais setores, os projetos de infraestrutura receberam 74,6 bilhões de reais, seguidos pela indústria, com 52,4 bilhões; agricultura, com 52,3 bilhões; e serviços, com 33,4 bilhões. Segundo o BNDES, 2024 foi o primeiro, desde 2017, em que os desembolsos com a indústria superaram os da agricultura.
“A indústria é um setor que gera muito valor agregado, mão de obra, empregos mais qualificados, gera inovação tecnológica”, afirmou o presidente do banco, Aloizio Mercadante, na coletiva de imprensa desta terça-feira 25, na qual apresentou os resultados de 2024.
A carteira de crédito expandida do banco, que inclui debêntures e outros ativos de crédito, somou 584,8 bilhões de reais, o equivalente a um avanço de 14% sobre doze meses antes. O BNDES encerrou dezembro com patrimônio líquido de 158,4 bilhões de reais. Em 2024, o retorno sobre o patrimônio líquido recorrente (ROE, na sigla em inglês) da instituição foi de 9,7%, com um incremento de 0,5 ponto percentual sobre o ano retrasado.
Conhecido por apoiar a expansão de empresas por meio de investimentos diretos e sociedades, o BNDES chegou a dezembro com uma carteira de participações societárias de 82 bilhões de reais, pouco acima dos 79,9 bilhões reportados em 2023. Desse total, 77,4 bilhões referem-se à carteira de ações do banco. Os demais 4,6 bilhões são representados por cotas de fundos de investimento.
Entre as maiores participações acionárias do BNDES, estão a concessionária paranaense de energia Copel, da qual detém uma fatia de 21,99% do capital total, e o frigorífico JBS, no qual mantém uma participação de 20,81%. Praticamente empatados em terceiro lugar, estão a Eletrobras e a Petrobras, nas quais o BNDES possui fatias de 7,95% e 7,94% respectivamente.
Desde a mudança de governo em 2023, parte dos economistas mostra preocupação com o aumento das concessões de crédito pelo BNDES. Para esses analistas, a expansão da carteira seria uma forma de o governo estimular a economia com recursos parafiscais, isto é, que não compõem o Orçamento federal e, portanto, não pesam na meta fiscal, mas contribuem para aquecer a economia além do desejável, gerando pressão inflacionária e elevando a dívida pública.
Na apresentação dos resultados aos jornalistas hoje, a diretoria do BNDES afirmou que a preocupação do mercado de que esteja “voltando ao passado” é “infundada”. Como argumento, o banco afirmou que, em entre 2012 e 2014, chegou a responder por quase 6% do total de crédito concedido no país. Essa fatia foi de 1,4% no ano passado, praticamente a mesma de 2023.