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Lucros afinados: como as plataformas de streaming começam a sair do vermelho

Elas ampliam receitas com publicidade e mostram ganhos obtidos com a diversificação dos serviços

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 abr 2025, 08h00

O streaming revolucionou a maneira de ouvir música nos últimos vinte anos, fazendo com que centenas de milhões de pessoas deixassem de lado seus CDs, discos e pen drives, e deu visibilidade a artistas famosos e iniciantes para além das fronteiras de seus países. Mas só agora essa tecnologia começa a se manter de pé como negócio. O maior exemplo é o Spotify, a principal plataforma de streaming musical do mundo. Desde que foi criada, em 2006, ela sempre operou com prejuízo. Em 2024, pela primeira vez, a empresa deu lucro, e dos bons: 1,14 bilhão de euros, o equivalente a 7,5 bilhões de reais. No ano passado, as receitas em todo o mundo da indústria fonográfica cresceram 4,8%, beirando os 30 bilhões de dólares ­— e os serviços de streaming responderam por mais da metade desse resultado.

A principal barreira para a lucratividade sempre foram os altos custos de royalties pagos aos detentores dos direitos autorais, consumindo grande parte da receita. E isso apesar das queixas dos artistas, principalmente os menos famosos, de que recebem muito pouco individualmente por vez que sua música é reproduzida. Esse paradoxo afeta todo o setor, a ponto de Spotify, Google (YouTube Music) e Amazon (Amazon Music) terem se unido contra o aumento nas taxas de royalties para compositores nos Estados Unidos.

NO TOM - Alexis Lanternier, da Deezer: aposta em maior qualidade de áudio como diferencial no mercado
NO TOM – Alexis Lanternier, da Deezer: aposta em maior qualidade de áudio como diferencial no mercado (./Divulgação)

Enquanto apertam a torneirinha para os artistas e gravadoras, as plataformas de streaming ampliam a receita diversificando os serviços. O modelo do Spotify, emblemático no setor, priorizou o crescimento com uma estratégia freemium (junção de free, grátis, e premium, exclusivo): há o serviço gratuito, com anúncios, e a opção premium, por assinatura, sem publicidade e com recursos extras. Outras grandes plataformas, como Apple Music e YouTube Music, operam de maneira similar. Nos últimos meses, houve um crescimento significativo tanto da venda de publicidade quanto de assinaturas.

Além disso, desde 2019 o Spotify também investiu massivamente em podcasts, áudios com menor custo de streaming e margens potencialmente maiores que a música, entre outras novidades. “No quarto trimestre de 2024, aprimoramos nosso produto em áreas como vídeos e audiolivros, com muitas inovações por vir nos próximos trimestres”, disse Daniel Ek, fundador e presidente do Spotify, ao anunciar os resultados da empresa.

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Para os músicos, a conta ainda não fecha. Embora artistas de ponta se beneficiem do volume de execuções, os pequenos e médios enfrentam dificuldades. O que eles recebem por stream (em média, de 0,003 a 0,005 dólar no Spotify) exige milhões de reproduções para gerar alguma renda. Muitos dependem de turnês, produtos, licenciamento ou apoio direto dos fãs. Recentemente, a regra do Spotify que exige no mínimo 1 000 streams em doze meses para gerar royalties teve forte reação dos músicos.

arte streaming

A discussão sobre remuneração justa também envolve os modelos de pagamento. O dominante “pro rata”, que distribui a receita total proporcionalmente às reproduções na plataforma, favorece artistas populares. Outra opção de modelo é o “centrado no usuário”, que direciona a receita das assinaturas especificamente aos artistas ouvidos pelo assinante. O SoundCloud, lar para artistas independentes, implementou um modelo fan-powered royalties (ou seja, rendimentos turbinados pelos fãs), que direciona pagamentos com base no consumo individual do usuário, beneficiando artistas de nicho.

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As plataformas menores também tentam se diferenciar pela qualidade. A Tidal se destaca pelo áudio de alta qualidade e foco na remuneração artística. A Deezer também oferece áudio diferenciado, além de maior controle do algoritmo pelo usuário, capacidade para compartilhar música e investimento na remuneração dos artistas. “Nosso foco é música. É isso o que nos diferencia”, disse a VEJA Alexis Lanternier, presidente da Deezer. Grandes ou pequenas, o desafio das plataformas de streaming é serem lucrativas e, ao mesmo tempo, atender às demandas dos artistas. Não é fácil afinar esses interesses.

Publicado em VEJA de 25 de abril de 2025, edição nº 2941

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