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Luis Stuhlberger: “Retração será amenizada com estímulos dos governos”

Com 48 bilhões de reais em ativos sob sua responsabilidade, o gestor de fundos de investimento analisa impacto do coronavírus na economia

Por Alessandra Kianek Atualizado em 4 jun 2024, 14h35 - Publicado em 6 mar 2020, 06h00

Com 48 bilhões de reais em ativos sob sua responsabilidade, o gestor de fundos de investimento Luis Stuhlberger, 65 anos, foi surpreendido em pleno Carnaval com as notícias sobre o agravamento da epidemia de coronavírus na Itália. “O sábado 22 e o domingo 23 foram um verdadeiro show de horrores”, relatou a VEJA, na sede da Verde Asset Management, gestora de recursos que comanda em São Paulo. Na segunda-feira 24, na abertura do mercado internacional, as bolsas despencaram. No dia seguinte, ainda feriado no Brasil, ele já estava de volta ao escritório. “Eu tinha de estar aqui”, afirmou. Passada a fase mais crítica da crise, na semana passada, Stuhlberger falou sobre suas expectativas.

Qual será o impacto dos efeitos do coronavírus na economia mundial?  Será grande neste ano. Porém, o presidente da China, Xi Jinping, já afirmou que cumprirá a meta de crescimento, e, quando os chineses querem, eles fazem. As maiores economias do planeta estão prontas para agir e se proteger com medidas de estímulos fiscais. Coreia do Sul, Itália e Hong Kong também lançaram medidas. O Fed, o banco central dos Estados Unidos, fez um corte extraordinário dos juros de 0,5 ponto porcentual. Isso mostra que os governos estão atentos e agindo. O PIB global cairá, mas a queda será amenizada com essas medidas.

E na economia brasileira? O efeito sobre o Brasil será limitado, se é verdade que a temperatura é uma questão importante para a transmissão. Estou otimista. Os indicadores preliminares dos dois primeiros meses deste ano corroboram um crescimento do Brasil próximo a 2% em 2020 — antes da doença a projeção estava entre 2,5% e 3%. O ponto principal é que o coronavírus não muda estruturalmente as condições de crescimento do país ao longo dos próximos três anos. Pode ter impacto no fim do primeiro trimestre e um pouco no segundo.

É hora de investir em bolsa de valores, de comprar ações? Sim, é o que estamos fazendo. Nesses dias turbulentos, aumentamos a posição do nosso fundo Verde na bolsa americana, de 30% para 42%. Vimos uma oportunidade. O fundo chegou a cair 4,5% no pior momento, mas já recuperou uma parte, e estamos perdendo algo em torno de 2%. A única maneira de lidar com isso tudo é manter a calma e traçar um plano. Enfrentei situação parecida nos anos 1999, 2001, 2002, 2008 e 2015. A que demorou mais para dar resultados foi 2008, uma agonia de sete meses. Desta vez, não tenho dúvida de que foi uma boa compra. O que eu estou fazendo, em linguagem de mercado, significa catch a falling knife (pegar uma faca no ar). Tem de ser frio e ir em frente.

O senhor chegou a declarar que não concordava com o último corte feito pelo Banco Central na taxa Selic, para 4,25% ao ano. E agora com o coronavírus?  Hoje, mudou tudo. Tem de baixar, e o BC já sinalizou que o fará na próxima reunião, em março. A minha declaração em janeiro a respeito da taxa de juros era sobre o efeito no câmbio, ou seja, quanto mais baixos os juros no Brasil, mais forte a pressão no câmbio. Mas no momento o cenário mudou.

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O dólar a 4,50 reais é o novo patamar do câmbio? No nosso modelo de previsão do dólar, o preço justo seria de 4,05 reais. Os parâmetros não justificam 1 dólar a 4,50 reais. Nos últimos dias, porém, o coronavírus fez a moeda se fortalecer no mundo inteiro. Se a doença tiver um impacto limitado no Brasil, a tendência do dólar é cair. A política do Banco Central continuará sendo simplesmente coibir os excessos de volatilidade.

Como o senhor enxerga esse conflito entre o governo e o Congresso num momento em que o país ainda tem de aprovar reformas importantes para o crescimento? Isso é o que chamamos de the signal and the noise. Tem muito mais ruído que sinal. O sinal é bom, mas o ruído é ruim. A mais importante das reformas é a PEC Emergencial, porque ela oferece instrumentos ao governo para cortar gastos e manter o mínimo de compromisso com a solidez fiscal. Apesar desses ruídos, há um compromisso claro tanto do Congresso quanto do governo com as reformas.

Publicado em VEJA de 11 de março de 2020, edição nº 2677

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