Os ex-presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso divulgaram nota conjunta em apoio à posição do presidente da Argentina, Alberto Fernández, de não reduzir de imediato a Tarifa Externa Comum (TEC), conjunto de taxas sobre importações dos quatros integrantes do Mercosul, como quer o governo Bolsonaro. A Argentina se opõe ao Ministério da Economia do Brasil, que defende corte linear imediato de 10% da tarifa, seguido de outro similar até o fim do ano.
A Argentina, abalada pelos efeitos da pandemia, insiste em percentuais menores e, além disso, que a redução seja somente para bens intermediários, ou seja, matérias-primas ou produtos beneficiados empregados na fabricação local de bens finais. A posição do governo argentino, de não reduzir impostos de importação para produtos de consumo, é considerada excessivamente protecionista pelo governo brasileiro.
“Concordamos com a posição do presidente da Argentina, Alberto Fernández, de que este não é o momento para reduções tarifárias unilaterais por parte do Mercosul, sem nenhum benefício em favor das exportações do bloco”, diz a nota divulgada pelos ex-presidentes Lula e FHC. “Concordamos também que é necessário manter a integridade do bloco, para que todos os seus membros desenvolvam plenamente suas capacidades industriais e tecnológicas e participem de modo dinâmico e criativo na economia mundial contemporânea”, continua a nota.
Lula e Fernando Henrique já tinham feito um encontro no mês passado, na casa do ex-ministro do Supremo, Nelson Jobim, e posaram para uma foto que marcou o reencontro dos ex-presidentes da República. Fernando Henrique deu entrevistas sugerindo que votaria em Lula se o petista disputasse a eleição de 2022 com Jair Bolsonaro, o que irritou caciques do PSDB, que defendem candidatura própria. A dobradinha Lula e FHC ocorre desde os tempos de sindicalismo do petista, que liderava então as greves do ABC paulista, quando FHC apoiou a criação do PT.