Maia critica ‘peso real’ e BC nega existência de proposta de moeda única
De acordo com o presidente Jair Bolsonaro, Brasil e Argentina estudam o projeto
A declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre estudos para a criação de uma moeda comum para Brasil e Argentina foi negada pelo Banco Central (BC). Em nota divulgada na noite de quinta-feira, a instituição informou que não há projetos em andamento para a criação do “peso real”, nome divulgado pelo próprio Bolsonaro. Na manhã desta sexta-feira, 7, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou a ideia.
De acordo com o BC, não há planos de unir as moedas de Brasil e Argentina. “Há tão somente, como é natural na relação entre parceiros, diálogos sobre estabilidade macroeconômica, bem como debates acerca de redução de riscos e vulnerabilidades e fortalecimento institucional”, comunicou a instituição, em nota.
Pelo Twitter, Rodrigo Maia fez uma série de questionamentos para criticar a ideia defendida por Bolsonaro durante a visita ao país vizinho. “Será? Dólar valendo R$ 6,00? Inflação voltando? Espero que não”, disse o deputado.
Entre as interações com o post do presidente da Câmara, a maior parte dos internautas criticou o posicionamento de Maia. Há quem chame de “fake news” a informação, embora o próprio presidente Bolsonaro tenha falado sobre o “sonho de uma moeda única”. Por outro lado, quem apoia a ideia argumenta que seria um impulso econômico aos dois países.
Durante visita à Argentina, onde se encontrou com o presidente Maurício Macri, Bolsonaro afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, deu “o primeiro passo para um sonho de uma moeda única na região do Mercosul, o peso real”. Um porta-voz do Ministério das Finanças da Argentina confirmou negociações nesse sentido.
Questionado sobre os estudos e as declarações de Guedes confirmando a intenção da nova moeda a empresários, o Ministério da Economia não se posicionou até a publicação desta reportagem.
A iniciativa teve poucos detalhes revelados e foi apresentada como um projeto de “muito longo prazo”, “É algo muito a longo prazo. A moeda comum pode ser um projeto de longo prazo, mas requer uma convergência macroeconômica prévia”, disse uma fonte argentina à Agência Efe, confirmando que Paulo Guedes e o ministro da Fazenda da Argentina, Nicolás Dujovne, avançaram nas conversas e voltarão a tratar o tema na próxima cúpula do G20, em Osaka (Japão), no fim deste mês.
Tanto o peso argentino – que tem sido altamente volátil e desvalorizado em mais de 50% no ano passado – quanto o real são moedas de mercados emergentes que sofrem de forma habitual as oscilações da economia internacional. Os dois países, especialmente a Argentina, registram inflação alta.
(Com Estadão Conteúdo, EFE e Reuters)
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