Mercado de trabalho brasileiro perde força, e ministro aproveita para ‘alfinetar’ Banco Central
Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, aproveitou divulgação dos dados de março do Caged para criticar postura do BC em relação à taxa Selic

“De repente, isso deixa o povo do Banco Central feliz.” Foi com essas palavras que o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, aproveitou a divulgação dos dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) para alfinetar a autoridade monetária em relação à realização de cortes da taxa Selic. Nesta quarta-feira, 30, os dados do Caged mostraram a criação de 71.576 postos de trabalho formais em março, o pior desempenho para o mês desde 2020, no auge da pandemia. Em relação à março de 2024, a queda foi de 71%.
“De repente, isso deixa o povo do Banco Central feliz e, quem sabe, eles possam tirar o pé do freio da contenção (na política monetária) e liberar a economia para funcionar melhor”, afirmou ele, durante coletiva para apresentar os dados. “Está na hora de parar de falar em aumentar a taxa Selic e falar em reduzir, essa é a mensagem do mercado de trabalho.” A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC para definir a Selic ocorre na semana que vem.
Ainda em relação ao BC, Marinho também sugeriu que a autoridade monetária tenha ficado “infeliz” porque a atividade cresceu em janeiro e fevereiro, enquanto, em março, o crescimento veio aquém do esperado — com a atividade mais fraca, abre-se espaço para que a inflação passe a ceder e, com isso, os juros possam cair. “Aqui tem um sinal que é plenamente possível falar em redução de juros.”
O ministro também abordou, na coletiva, o Crédito ao Trabalhador, programa do governo que libera a contratação de crédito consignado com garantia do FGTS. Ele reforçou que o objetivo é levar a população brasileira a trocar dívidas caras por baratas, como sair do rotativo do cartão de crédito para compras mais organizadas e investimentos em outros bens e serviços.
Marinho também comentou brevemente que o presidente Lula recebeu de centrais sindicais pautas “de vários assuntos” e que tem a expectativa de que os temas que dependem do Congresso — caso da isenção do imposto de renda para salários até 5 mil reais — sejam aprovados ainda este ano para que passem a valer a partir do ano que vem.