Mercado estima inflação em 5% neste ano, projetando novo estouro da meta
Esta foi a 13ª semana consecutiva que os analistas puxaram as projeções para cima. A partir de 2025 passa a vigorar a meta contínua de inflação

Analistas de mercado consultados pelo Banco Central voltaram a subir a perspectiva da inflação. Segundo dados compilados pelo Boletim Focus e publicados nesta segunda-feira, 13, os economistas projetam que o IPCA, índice oficial de inflação do país, feche este ano em 5%, 2 pontos acima da meta de inflação e 0,50 ponto acima do teto da meta, na 13ª semana consecutiva de revisão. A pressão inflacionária também é esperada para o próximo ano. Os analistas projetam o IPCA em 4,05% em 2026.
O país segue para mais um período de descumprimento da meta, depois do estouro de 2024. Em carta aberta enviada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, disse que a inflação de 2024 ficou acima do intervalo de tolerância “em decorrência do ritmo forte de crescimento da atividade econômica, da depreciação cambial e de fatores climáticos”, em um contexto de “expectativas de inflação desancoradas e inércia da inflação do ano anterior”. Galípolo, entretanto, salienta que fatores domésticos e específicos do Brasil contribuíram com a depreciação cambial e a alta da inflação, destacando as questões fiscais.
Para 2025, valendo a partir deste mês, ocorre uma mudança importante na maneira como é contabilizada a meta de inflação. Trata-se da chamada meta contínua. Pela nova metodologia, a meta passará a ser considerada desrespeitada sempre que o resultado da inflação ficar fora das margens de tolerância por mais de seis meses seguidos, num modelo mais semelhante ao que já acontece no resto do mundo. Até aqui, o Brasil só cobrava a inflação dentro do alvo ao fim de cada ano, em dezembro.
Ainda não se sabe muito bem como isso irá afetar a rigidez e a as expectativas sobre o controle da inflação no país, mas o fato é que, mesmo que as metas contínuas estivessem válidas desde sempre, o Brasil também teria ido mal na prova. Um levantamento feito por VEJA contou que, dos 307 meses de vida do regime de metas até aqui, em 133 o IPCA ficou rodando acima do teto vigente. É o equivalente a um terço de todo o período (37%) com a inflação mais alta do que o limite definido como tolerável.
Dólar, PIB e Selic
Para as outras variáveis, os economistas ouvidos pelo Banco Central mantiveram as estimativas da semana passada. A expectativa é que o câmbio termine o ano na casa dos 6 reais, a taxa de juros suba para 15% neste ano e a economia registre crescimento de 2%, o que representa uma desaceleração em relação a 2024, quando o país cresceu acima de 3%. O resultado oficial do PIB será divulgado no dia 7 de março pelo IBGE.