Mercados globais derretem com guerra comercial de Trump
Abertura de mercado: Bolsa brasileira acompanha clima mundial e abre o dia em baixa; dólar sobe

Investidores assustados sempre descobrem que no fundo do poço há um alçapão pronto para ser reaberto. E é isso o que eles estão fazendo nesta segunda-feira. Os mercados financeiros globais amanhecem com quedas brutais, fomentadas pela guerra comercial de Trump contra o planeta, e registram perdas de magnitudes vistas pela última vez no começo da pandemia, em 2020.
Na Europa, os principais índices tombam na faixa de 5%. Isso depois de as bolsas asiáticas terem derretido 7% – com destaque para o tombo de 13% no índice de Hong Kong. Na madrugada, a bolsa de Tóquio chegou a ativar o circuit breaker, mecanismo que interrompe as negociações, utilizando quando as perdas superam os 10%. Enquanto isso, as bolsas americanas abriram o dia com queda na casa dos 3%.
A bolsa brasileira, que teve sinais de que o dia não seria dos mais amigáveis com a queda de 4% do EWZ no pré-mercado em Nova York, abriu o dia em baixa. Por volta das 10h40, a bolsa recuava mais 2%, abaixo dos 125 mil pontos. Enquanto isso, o dólar sobe cerca de 1%, negociado a R$ 5,89.
O petróleo, commodity símbolo do vigor da economia global, afunda mais de 3%, enquanto o minério fechou abaixo dos 100 dólares por tonelada. Não há para onde correr.
Não só isso. Investidores estão redobrando suas apostas em cortes nas taxas de juros, em um sinal de esperança – ou pressão – para que a economia global não entre em uma recessão causada pela guerra comercial. Há um problema nessa lógica: o principal trabalho de um banco central é preservar o poder de compra da moeda. Em outras palavras, manter a inflação controlada. E um dos principais impactos da guerra comercial é a possibilidade de alta de preços, causada pelo maior custo dos importados em cada país.
Aí os BCs ficam entre a cruz e a espada: não existe remédio capaz de combater recessão com inflação elevada ao mesmo tempo, criando um cenário de estagflação. Juros, afinal, são mais efetivos para combater a inflação causada por excesso de demanda. Mas elevação de preços por tarifas é uma inflação de oferta.
Para piorar, a agenda econômica é fraca nesta segunda-feira, o que significa que o mercado financeiro continuará sem nenhuma âncora de realidade para se apoiar. O que resta a investidores é respirar fundo – e talvez fechar o home broker e deixar para negociar quando o apocalipse passar.
Agenda do dia
8h25: BC publica Boletim Focus
9h: Gabriel Galípolo (BC) participa de premiação anual Top-5, em SP
9h30: Diogo Guillen e Nilton David, ambos do BC, participam de mesa-redonda em premiação Top 5
11h30: Adriana Kugler (Fed) discursa
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