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Mercados podem demorar até 3 anos para se recuperar de uma guerra

As incertezas do conflito entre Rússia e Ucrânia cai como uma bomba nos mercados e ninguém sabe o tempo que levará para a recuperação dos estragos

Por Luana Zanobia Atualizado em 28 fev 2022, 06h36 - Publicado em 25 fev 2022, 15h54

O conflito entre Rússia e Ucrânia está detonando os mercados financeiros globais. Quando o presidente russo Vladimir Putin anunciou a invasão militar ao país vizinho na quinta-feira, 24, as bolsas mundiais reagiram ao ataque com quedas vertiginosas. As incertezas em relação às extensões desse conflito e o aumento da aversão ao risco, cai como uma bomba nos mercados. Os rombos são enormes, e ninguém sabe quanto tempo levará para a recuperação dos estragos.

Com base no índice S&P 500, a recuperação mais rápida do mercado financeiro em um momento de embate foi na Guerra do Kosovo, em 1998, quando os mercados levaram apenas 4 dias para reagir. Mas essa é uma rara exceção, a maioria levou mais de 30 dias ou até anos. A Guerra do Vietnã, em 1959, foi que levou o maior tempo, quase três anos, para ser recuperada, de acordo com o levantamento realizado pelo buscador de investimentos Yubb.

Com a Guerra da Ucrânia, o índice S&P 500 já acumula queda de 7,62%, e o temor das extensões do conflito colocam muitas dúvidas do tamanho do estrago que o embate no Leste Europeu pode causar às economias globais. No primeiro dia do conflito, as bolsas da Europa fecharam em forte queda, com o principal índice da capital russa desabando mais de 30%. Dias antes da invasão, a bolsa de Moscou já registrava sua maior perda desde 2008, com quedas superiores a 10%. Apesar da volatilidade e das enormes flutuações durante o primeiro dia do conflito, as bolsas americanas conseguiram encerrar em alta na quinta, com o ganho de investidores migrando para ativos mais seguros, sobretudo, os títulos americanos.

Nesta sexta, os principais índices das bolsas globais amanheceram negociando em queda, digerindo o efeito sanguinária da guerra nos mercados. “Já vimos volatilidade e fraqueza à medida que os investidores digerem as notícias. A negociação da maioria dos ativos de risco praticamente parou, como é comum quando grandes eventos geopolíticos se desenrolam. As sanções impostas até agora têm sido bastante brandas”, dizem os analistas Daniel Graña e Jennifer James, da Janus Henderson Investors, grupo britânico de gestão de ativos globais com sede em Londres, Reino Unido.

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A guerra já causou um salto no preço do petróleo e do gás natural, commodities abundantes na Rússia e das quais a Europa é extremamente dependente. Segundo os analistas britânicos, a duração desse movimento de alta das commodities dependerá da gravidade das sanções impostas pelo Ocidente e da reação da Rússia. Para controlar o processo inflacionário nos países impactados pela alta nos preços de commodities energéticas, os bancos centrais terão de assumir uma postura mais dura, o que deve afetar as economias emergentes. “O fluxo de capitais pode começar a sair de países emergentes, assim como o Brasil, em direção às principais economias, sobretudo, os EUA, promovendo uma pressão de desvalorização cambial”, dizem os o economista-chefe, José Marcio Camargo, e o coordenador econômico, Yihao Lin, da Genial Investimentos, em relatório. No Brasil, apesar de aproveitar o bom momento com a alta das commodities, o Ibovespa já começa a sentir o efeito do movimento de migração dos investidores e da valorização do dólar. O Ibovespa encerrou com queda de 0,37%, aos 111.591 pontos, enquanto o dólar que tinha ficado abaixo de 5 reais durante a semana, voltou a subir e encerrou o dia com alta de 2,02%, a 5,10 reais.

Mas para os analistas da Janus Henderson Investors, a inflação mundial provavelmente aumentará, e à medida que o crescimento desacelera e a inflação atinge o pico, a estagflação é um risco que pode complicar a ação global dos bancos centrais em direção ao aperto, bem como fornecer um vento contrário para os ativos de risco.

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