Mesmo ações que dispararam até junho devem seguir em alta. Veja as apostas dos analistas
Para analistas, a influência da geopolítica internacional sobre o mercado brasileiro de ações será menor até dezembro
O primeiro semestre foi positivo para o Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira, devido a fatores externos, mas na segunda metade do ano, é a economia doméstica que tende a prevalecer na decisão dos investidores. Com a taxa Selic ainda em um nível elevado, de 15% ao ano, as ações de empresas com sólida geração de caixa, ou seja, as que mantêm receitas altas e previsíveis, devem concentrar as atenções.
O Ibovespa fechou o semestre com ganhos de 15,4%, beneficiado pelo fluxo de investidores estrangeiros. O acirramento das tensões geopolíticas, como o conflito entre Israel, Hamas e Irã, e a guerra comercial lançada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra praticamente todos os países, levaram os gestores a revisar suas carteiras, dando mais espaço a ativos de mercados emergentes como o Brasil.
Para Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, a partir de agora, boa parte das oportunidades de lucrar no mercado de ações virá de empresas geradoras de caixa de diferentes setores. Na área de educação, por exemplo, o especialista vê espaço para mais valorização da Ânima (ANIM3), mesmo após o papel acumular uma disparada de 168% no semestre, saltando de 1,58 real, no último pregão de 2024, para 4,24 reais em 30 de junho.
No setor de transportes, o destaque fica para as empresas controladas pela Simpar (SIMH3). São elas: Movida (MOVI3), que acumulou uma alta de 98% no semestre; Vamos (VAMO3), cujos papéis recuaram 12%; e JSL (JSLG3), que subiu 12%. A própria Simpar viu suas ações avançarem 45% de janeiro a junho.
Mesmo no setor de construção, mais sensível aos juros altos, há opções, como é a Helbor (HBOR3), segundo Belitardo. No primeiro semestre, a construtora e incorporadora ostentou uma valorização de 86% na bolsa.
“Essas empresas mantêm receitas estáveis, mesmo com Selic elevada”, diz o gestor. “Quando os juros começarem a cair como projeta o mercado para o fim de 2025, a tendência é um giro ainda maior para ações dessas companhias devido à atratividade comparativa frente à renda fixa.”
Mas se há oportunidades, também há riscos. Belitardo lembra que a instabilidade política pode afetar a confiança do investidor e também influenciar empresas mais cíclicas, ligadas à economia doméstica.
Rodrigo Moliterno, sócio e head de renda variável da assessoria de investimentos Veedha, lembra que a sinalização de que o ciclo de alta da Selic terminou é uma notícia positiva para a Bolsa. Agora, as atenções do mercado se voltam para o momento em que o Banco Central começará a cortar os juros. No entanto, Moliterno ressalta que as discussões políticas e sobre a questão fiscal continuarão causando volatilidade nos mercados.
“O que preocupa o mercado é o quanto o atual governo vai atuar para reverter a popularidade em queda. Tivemos benesses no governo Bolsonaro, mas a diferença é que o Brasil já está com o fiscal bastante estourado”, acrescentou.
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