Mesmo com manutenção da Selic, dólar sobe e vai a R$ 3,70
Na abertura do mercado, a moeda chegou a apresentar desvalorização, mas o efeito durou pouco e cotação dispara
A decisão do Banco Central (BC) de manter a Selic em 6,5% ao ano teve reflexo positivo só na abertura do mercado na manhã desta quinta-feira, 17, com a moeda pequena desvalorização do dólar. Porém, esse efeito durou pouco e às 10h40, a moeda voltava a operar em alta, com valorização de 0,46% a 3,70 reais.
“A abertura do mercado repercutiu a manutenção da Selic, mas o efeito durou pouco e a moeda que abriu em queda já virou”, diz o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa.
“O câmbio abriu com ajuste para baixo por conta da reunião do Copom de ontem, que surpreendeu o mercado, e trouxe efeito imediato de um pouco de ajuste. Mas depois de 30 minutos de pregão o mercado já recuperou tudo, mostrando que os fatores relacionados à fragmentação eleitoral e à economia americana – que está se recuperando muito bem – vem pautando e dando preço ao mercado”, diz o sócio da FB Wealth, Fernando Bergallo.
“Apesar de a maioria esperar um corte de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros, as razões apresentadas pelo Banco Central para manter a Selic, num primeiro momento, convenceram o mercado, que abriu um pouco mais calmo nesta manhã”, diz o gerente de câmbio da Treviso, Reginaldo Galhardo.
Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, surpreendeu ao decidiu manter a Selic em 6,5% ao ano. Todo o mercado esperava por um corte de 0,25 ponto porcentual, que levaria a taxa para 6,25% ao ano. A taxa já é a menor desde o início do regime de metas de inflação, em 1999, e a mais baixa de toda a série histórica do BC, iniciada em 1986.
“Na avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e, principalmente, do balanço de riscos tornou desnecessária uma flexibilização monetária adicional para mitigar o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas”, informou o órgão do BC em nota.
Em nota, o Copom deixa claro que sua decisão foi motivada pelo risco inflacionário gerado pela valorização global do dólar. “O cenário externo tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade. A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes”, afirma o órgão.
“Com a manutenção da taxa selic, surpreendendo o mercado financeiro, o BC sinaliza o fim do ciclo de queda de juros. Com isso o capital estrangeiro entende que o Brasil remunerará nesse nível de juros, podendo em breve subir. A expectativa é que isso atraia fluxo de capital para o país. Se os juros continuassem em queda, como estavam, o Brasil perderia ainda mais atratividade para o capital internacional”, explica o educador financeiro André Bona.