A produção industrial cresceu pelo oitavo mês consecutivo e avançou 0,9% na passagem de novembro para dezembro. Mesmo com a alta acumulada de 41,8% no período, a indústria fechou 2020 em queda, na comparação com o ano anterior — o que mostra a severidade que o choque inicial da Covid-19 causou no país: o recuo da indústria foi de 4,5% em 2020, pior resultado desde 2006. É o segundo ano consecutivo que a atividade industrial recua. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada nesta terça-feira, 2, pelo IBGE.
No acumulado do último trimestre do ano, o setor avançou 3,4%. Levando em conta o patamar pré-pandemia, de fevereiro, a produção em dezembro esteve 3,4% acima do período. Mas, as perdas no período de fechamento das atividades foram determinantes para o resultado. O choque provocado pela pandemia do novo coronavírus em março e abril foi tão importante que nem as altas consecutivas conseguiram reverter a queda inicial.
O segmento automotivo, uma das referências industriais brasileira, representa bem o comportamento da produção neste ano. Em dezembro, o crescimento foi de 6,5% em relação ao mês anterior. Nos oito meses posteriores à queda ocorrida em abril, o segmento acumula expansão de 1.308,1% na produção, eliminando a perda de 92,3% registrada no período março-abril de 2020. Entretanto, no acumulado de 2020 contra 2019, o setor também foi a maior influência negativa, com queda de 28,1%. Mesmo com a recuperação, 2021 se mostra um ano desafiador para essa indústria. No fim do ano passado, a Mercedes anunciou o fim da produção e carros no país e, no início de 2021, a Ford anunciou o encerramento das três plantas que tinha no Brasil.
Em dezembro, também se destacaram as indústrias extrativas, com alta de 3,7% frente a novembro, interrompendo três meses de resultados negativos consecutivos. No acumulado de 2020, o setor apresentou queda de 3,4% contra 2019.
Entre nove atividades que apontaram recuo na produção, as principais foram produtos alimentícios (-4,4%), bebidas (-8,1%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,3%).
Já entre as categorias econômicas, as de bens de capital e de bens de consumo duráveis cresceram 2,4% cada e anotaram as maiores taxas em dezembro. É o oitavo mês seguido de expansão na produção das duas categorias, acumulando nesse período alta de 134,9% e 565,7%, respectivamente. Os dois segmentos se encontram acima do patamar de fevereiro último, na ordem: 14,9% e 5,1%.
Na comparação de 2020 com 2019, todas as grandes categorias tiveram queda, com destaque para bens de consumo duráveis (-19,8%) e bens de capital (-9,8%). “Ambas têm a dinâmica de produção muito associada à indústria de automotores. No caso da primeira, com influência dos automóveis, como os carros, e no caso da segunda, os equipamentos de transporte, como caminhões”, finaliza André Macedo.