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Mesmo com risco de bolha, Fed reafirma política que favorece mercados

Em entrevista à rede americana NPR, o presidente do Federal Reserve reafirmou que os juros se manterão baixos por um longo período

Por Luisa Purchio Atualizado em 1 out 2020, 11h13 - Publicado em 4 set 2020, 21h25

O mercado financeiro americano andou amargando umas perdas nos últimos dias, mas as notícias podem continuar positivas no que depender da política monetária do Federal Reserve. Nesta sexta-feira, 4, em entrevista ao “National Public Radio” (NPR), rede do governo dos EUA, o presidente do Fed, Jerome Powell, reafirmou que a taxa básica da economia americana continuará em patamares inferiores, atualmente entre 0% e 0,5%. “Achamos que a economia vai precisar de juros baixos, que dão suporte à atividade econômica, por um longo período de tempo”, disse Powell.

Em comentário ao “payroll”, o principal indicador do emprego americano, divulgado na manhã dessa sexta, Powell analisou que as medidas indicadas pelo Banco Central americano de incentivar a economia por meio de juros baixos e injeções monetárias estão funcionando na criação de empregos. “Desde maio e junho, tivemos muita gente voltando a trabalhar”, disse Powell. “Eu diria que o relatório de empregos foi bom”. O número apresentado hoje pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos (DOL, na sigla em inglês) veio em conformidade com a projeção esperada pelos mercados, indicando gradual recuperação da economia. Já em campanha eleitoral, o presidente Donald Trump comemorou os resultados em seu Twitter.

Em agosto, foram criadas 1,4 milhão de vagas de trabalho e a taxa de desemprego ficou em 8,4%, 2 pontos percentuais abaixo do mês anterior. Apesar de ainda ser muito distante do patamar pré-pandemia, o índice é quase a metade do pior momento da Covid-19, quando os comércios foram fechados e os negócios foram fortemente impactados, com taxa de desemprego de 14,7%, em abril.  Desde o início da pandemia, Powell vem falando em seus discursos que o Fed utilizaria todas as suas ferramentas para incentivar a economia americana, e suas falas sempre enfatizaram que o mais importante seria recuperar as vagas de trabalho. Nesse sentido, o Fed também mudou sua postura e recentemente indicou como meta aceitar uma inflação de na média 2%. Pelo visto, pelo menos no que tange à recuperação do mercado de trabalho, as medidas estão funcionando.

Apesar de desvalorizar o dólar no mundo, principalmente em relação ao euro, essa política foi positiva para as bolsas americanas ao longo dos últimos meses, que rapidamente se recuperaram do baque que ocorreu no dia 23 de março. Em agosto, o S&P 500 bateu o recorde do ano, que havia ocorrido em fevereiro, e desde então não parou de crescer, principalmente por causa das ações de tecnologia. A Nasdaq, índice que engloba apenas os ativos ligados às empresas de tecnologia, havia batido o recorde já em junho. Hoje, no entanto, no segundo dia de queda e realização de lucros, o S&P 500 fechou em mais uma baixa, de 0,81%, a 3.426,96 pontos. Já a Nasdaq fechou em queda de 1,27%, a 11.313,14 pontos.

Alguns especialistas questionam se estamos diante de uma bolha, afinal muitas Big Techs se valorizaram demais e terão de crescer muito para acompanhar o valor de seus ativos. Apesar das grandes emoções vividas, com Tesla, Apple e Amazon perdendo valor na semana, o movimento também tem uma linha de correção. “Vale a pena ter um pouco de perspectiva. Eles apenas caíram para os níveis em que foram negociados nas últimas duas semanas, estamos apenas vendo um pouco de espuma saindo desses mercados”, diz Craig Erlam, analista de mercado sênior da OANDA. O futuro ainda é incerto. “Naturalmente é difícil colocar avaliações firmes em ações que chegaram tão longe em um período tão curto de tempo, quando a maioria das pessoas pouco sabem como o mundo será em seis meses, menos ainda para um período de alguns anos a partir de agora. Não acredito que essas ações saiam de moda, no entanto”, diz ele.

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