Mili: Liderança nacional em papel e higiene
Com gestão familiar e integração vertical, empresa consolidou sua posição de destaque em um mercado dominado por multinacionais
Fundada em 1983 na cidade catarinense de Três Barras, a Mili é a maior empresa 100% brasileira dedicada à produção de papel tissue — um tipo de material leve e macio, utilizado em produtos como papel higiênico, lenços e toalhas descartáveis. Em um setor amplamente dominado por multinacionais, a empresa, hoje sediada em Curitiba, onde também possui uma fábrica, construiu uma trajetória sólida baseada na eficiência industrial, na gestão familiar e em investimentos constantes em tecnologia.
Sob a liderança do fundador e presidente Valdemar Lissoni, a Mili adota um modelo de negócios verticalizado — controla todas as etapas da produção, da celulose ao produto final. Essa estrutura integrada garante maior domínio sobre os custos e a qualidade, o que tem sido essencial para manter margens consistentes, mesmo em cenários de alta nos preços dos insumos.
Em 2024, os resultados financeiros confirmaram a força do modelo: a empresa alcançou uma receita líquida de 2,6 bilhões de reais e obteve um lucro de aproximadamente 370 milhões. O retorno sobre o patrimônio líquido foi de 25,7%, colocando a Mili no topo entre as empresas de melhor desempenho no setor de bens de consumo.
O mercado de papel tissue movimenta cerca de 25 bilhões de reais por ano no Brasil, segundo a Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel), e vem mantendo um ritmo estável de crescimento. O consumo per capita no país gira em torno de 6 quilogramas por ano — bem abaixo de países como o Chile, que registra mais que o dobro dessa média —, o que aponta para um grande potencial de expansão ainda inexplorado.
Apesar das boas perspectivas, o cenário é complexo. De acordo com o analista Michel Piroutek, da consultoria Euromonitor International, o setor deve continuar crescendo, impulsionado por mudanças nos hábitos de consumo. Enfrenta, porém, obstáculos importantes: margens apertadas, concorrência global e a necessidade contínua de investir para ampliar a capacidade produtiva.
A sustentabilidade também se tornou um fator estratégico. Regulamentações mais exigentes e avanços tecnológicos demandam que as empresas se adaptem rapidamente a padrões ambientais mais rigorosos. No mercado B2B — que atende hospitais, escritórios e indústrias —, ganha força quem comprova o uso eficiente de recursos como água e energia, além de utilizar matérias-primas certificadas.
Atenta a essas transformações, a Mili vem implementando mudanças importantes. Investiu na modernização do parque fabril, ampliou o uso de automação, aumentou a eficiência energética e lançou iniciativas sustentáveis, como o reaproveitamento de água e a redução do uso de plásticos, substituídos gradualmente por materiais recicláveis. Tudo isso mantendo a governança familiar que marca a identidade da empresa desde o início.
O desafio agora é equilibrar tradição e inovação para continuar crescendo em um ambiente cada vez mais competitivo. “As margens do setor estão cada vez mais pressionadas, e a busca por eficiência será decisiva para manter a competitividade”, afirma Piroutek. Cada vez mais, o desempenho da Mili dependerá de eficiência operacional e agilidade diante das transformações do setor.
Publicado em VEJA, outubro de 2025, edição VEJA Negócios nº 19
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