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Mina de Salobo: o metal essencial da nova economia

Operada pela Vale, ela planeja expandir a oferta em um cenário de forte demanda e produtividade global em declínio

Por Bruno Toranzo
31 out 2025, 06h00

A mina de Salobo, no Pará, é um dos pilares da produção de um insumo cada vez mais estratégico: o cobre. Considerado um mineral crítico, ele é indispensável para a transição energética, presente em painéis solares, turbinas eólicas, baterias e sistemas elétricos. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a demanda global por cobre deve crescer quase 40% até 2040, impulsionada pela eletrificação de veículos e pela expansão de redes elétricas mais eficientes. Sua alta condutividade — inferior apenas à da prata — o torna essencial em fios, cabos e transformadores.

A relevância do cobre se traduz no desempenho da Salobo, um dos maiores projetos da mineradora Vale e peça central da cadeia global do metal. “Salobo é a maior mina de cobre do Brasil, com projeção de ampliar sua produção nos próximos anos, em um contexto global de queda da produtividade das minas”, afirma Alfredo Santana, diretor da Vale Metais Básicos, a melhor empresa do setor de Mineração e Cimento. Hoje, uma tonelada de minério de ferro custa cerca de 100 dólares, enquanto a mesma quantidade de cobre chega a valer 10 000. A diferença ajuda a explicar o desempenho da operação: em 2024, a Vale Metais Básicos faturou 15,9 bilhões de reais e teve lucro líquido de 4,7 bilhões.

Alfredo Santana, diretor: foco em metal crítico para a transição energética
Alfredo Santana, diretor: foco em metal crítico para a transição energética (./Divulgação)

A Vale prevê produzir 280 000 toneladas de cobre em 2025, avançando para 350 000 até 2030 e 600 000 até 2035 — mais que o dobro da capacidade atual. O concentrado extraído em Salobo é levado ao terminal logístico de Parauapebas (PA) e segue pela ferrovia Carajás até o porto de Ponta da Madeira (MA), de onde é exportado. Após o refino, o concentrado dará origem a fios e placas de cobre. É nessa etapa que o metal atinge pureza máxima, tornando-se apto para uso em equipamentos e baterias de alta performance.

O Brasil, porém, ainda não tem capacidade de refino do cobre que produz. Como outras nações mineradoras, exporta o concentrado para países com maior estrutura industrial, sobretudo a China, responsável por metade da capacidade global de refino. O país também não figura entre os maiores em reservas confirmadas de cobre — Chile, Peru, República Democrática do Congo e Austrália lideram esse ranking —, observa Lucas Zuquim, sócio da consultoria BCG. Ele cita a Indonésia como exemplo de país que mudou de posição no mercado ao exigir que o refino fosse feito internamente. “Essa política atraiu investimentos estrangeiros e estimulou o desenvolvimento da cadeia local”, afirma Zuquim.

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Um dos fatores que sustentam o aumento da produtividade nas minas da Vale, incluindo Salobo, é a mineração circular, tema que deve ganhar destaque na COP30. A prática busca reaproveitar resíduos do processo minerário, com o apoio de tecnologia para identificar teores aproveitáveis em materiais antes classificados como rejeitos. “Em qualquer mina, o teor do minério tende a cair com o tempo. A tecnologia torna viável reprocessar as pilhas de baixo teor, que antes seriam descartadas”, explica Alfredo Santana.

A combinação de tecnologia, reaproveitamento e expansão da capacidade produtiva coloca a Vale entre os protagonistas da corrida global por metais críticos. Em um mundo cada vez mais eletrificado, o cobre se consolida como um recurso estratégico — e a eficiência na sua extração, um diferencial competitivo que pode ajudar a definir o papel do Brasil na nova economia verde.

Publicado em VEJA, outubro de 2025, edição VEJA Negócios nº 19

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