A agência de classificação de riscos Moody’s alterou a perspectiva de nota de crédito do Brasil de neutra para positiva. Essa é a primeira vez desde 2018 em que a agência faz algum tipo de alteração na nota de crédito do país.
A melhoria na perspectiva ocorre enquanto o Brasil tenta recuperar o status de grau de investimento que perdeu em 2015. Atualmente, a Moody’s classifica o rating de crédito do Brasil duas notas abaixo do grau de investimento, em Ba2, em grau especulativo.
“Um crescimento mais robusto combinado com progressos continuados, embora graduais, em direção à consolidação fiscal, podem permitir que o ônus da dívida do Brasil se estabilize”, escreveu a analista Samar Maziad em comunicado divulgado nesta quarta-feira, 1º de maio. Ao indicar um viés positivo na análise, a Moody’s sinaliza que pode elevar a nota de crédito no futuro.
O país chegou receber o grau de investimento da Moody’s entre 2009 e 2015, mas vem se mantendo na nota de crédito Ba2 desde então. O grau de investimento corresponde a uma espécie de “selo” de bom pagador, pode trazer mais capital ao Brasil e melhorar a situação da economia local, aumentando investimentos e o dinamismo.
O Brasil conquistou o selo de bom pagador em 2008 pelas agências Fitch Ratings e S&P. E em 2009 também teve a classificação pela Moody’s. Com a crise interna de 2015, o país perdeu as notas. No ano passado, as agências Fitch Rating e S&P Global haviam elevado a nota de crédito do Brasil após a aprovação do novo arcabouço fiscal.
Em nota, o Ministério da Fazenda comemorou a alteração da perspectiva da nota. “O Ministério da Fazenda reafirma o compromisso do país com uma trajetória sustentável para as contas públicas, combinando esforços para melhorar a arrecadação e para conter a dinâmica das despesas. O melhor balanço fiscal do governo levará à redução das taxas de juros e à melhoria das condições de crédito. Desta forma, serão criadas as condições para a ampliação dos investimentos públicos e privados e a geração de empregos”.
Avaliação
Segundo o comunicado divulgado pela agência de risco, a mudança da perspectiva para positiva é sustentada pela avaliação da Moody’s de que um crescimento mais robusto, combinado com um progresso “contínuo, embora gradual, em direção à consolidação fiscal, pode permitir a estabilização do peso da dívida do Brasil”. A Moody’s, entretanto, menciona riscos por parte do governo para uma consolidação orçamental contínua.
A” afirmação do rating Ba2 é impulsionada pela força fiscal ainda relativamente fraca, dada a elevada carga da dívida do Brasil e a fraca capacidade de pagamento da dívida, que permanece sensível a choques económicos ou financeiros. A dependência do Brasil do financiamento em moeda local e de um mercado financeiro interno profundo mitiga os riscos de financiamento”, afirma a agência.
A Moody’s ressalta que a melhoria da perspectiva de nota acontece apesar de um ambiente político polarizado. Segundo a agência, os governos avançaram várias reformas como a reforma trabalhista, , melhoria de governança de empresas públicas, digitalização, independência do Banco Central e o novo arcabouço fiscal. As medidas citadas foram aprovadas durante os governos Temer, Bolsonaro e Lula.