O presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse nesta terça-feira, 22, que a intenção do presidente Jair Bolsonaro de mudar a embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém não deveria ser motivo para um embargo saudita à carne de frigoríficos brasileiros.
“A embaixada não está mudada ainda, o pessoal está se antecipando ao inimigo”, declarou Mourão, quando perguntado se a suspensão seria uma retaliação.
Das trinta plantas brasileiras que estavam exportando carne de frango para a Arábia Saudita, cinco foram descredenciadas pela Arábia Saudita. Mourão evitou comentar se de fato a embaixada será alterada. “Vamos aguardar.”
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o motivo alegado para a suspensão decorre “de critérios técnicos”. O secretário-geral da Liga Árabe até 2011 e hoje um dos diplomatas do Oriente Médio de maior influência na região, Amr Moussa, porém, afirmou que a decisão seria uma retaliação dos países árabes à ideia de mudar a embaixada brasileira em Israel. “O mundo árabe está enfurecido (com o Brasil)”, disse Moussa, que participa do Fórum Econômico em Davos. “Essa é uma expressão de protesto contra uma decisão errada por parte do Brasil.”
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, por sua vez, afirmou que “não dá para saber se decisão dos sauditas teve viés ideológico”.
O anúncio do governo saudita foi divulgado na noite de segunda-feira 21 em relatório direcionado ao Ministério da Agricultura do Brasil. A medida foi mal recebida pelo mercado nesta terça e os papéis da BRF lideraram a queda do índice Ibovespa. As ações ON da BRF chegaram a recuar 4,53%.