MRS Logística: Modernização da frota e da malha no centro da estratégia
Empresa bate recordes e consolida as ferrovias como uma alternativa competitiva e sustentável
Com atuação em uma das regiões mais estratégicas do Brasil, a MRS Logística movimentou, em 2024, mais de 202 milhões de toneladas — o maior volume de sua história. A empresa opera uma malha ferroviária de mais de 1 600 quilômetros nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, responsáveis por cerca de metade do produto interno bruto do país. Por sua rede passam aproximadamente um quinto das exportações brasileiras e um terço da carga transportada por trens no território nacional.
Esse desempenho operacional se traduziu em resultados financeiros igualmente expressivos. Em 2024, a MRS atingiu níveis recordes de receita (7 bilhões de reais) e lucro líquido (1,4 bilhão). Segundo Guilherme Segalla de Mello, presidente da empresa, os dados refletem um processo contínuo de modernização da frota e da infraestrutura ferroviária. “Encerramos recentemente o terceiro ano da concessão renovada por mais trinta anos e, nesse período, já foi investido 1,5 bilhão de reais em 155 obras ferroviárias, com a geração de mais de 1 500 empregos diretos e benefícios para 28 municípios, que somam cerca de 4,4 milhões de pessoas.”
Os aportes em infraestrutura têm um propósito fundamental: fortalecer o transporte ferroviário como alternativa mais eficiente, segura e sustentável em comparação ao modal rodoviário. Entre as vantagens estão a maior capacidade de carga por composição, o menor consumo de energia e a redução nas emissões por tonelada transportada, além do menor custo de frete e do baixo índice de acidentes — fator que também contribui para a redução do valor do seguro de carga.
A competitividade do modal ferroviário fica evidente nos números apresentados pela empresa. No transporte de contêineres, segundo Mello, o custo ao cliente representa apenas 0,03% do valor da mercadoria. Ele também aponta como tendências para o setor o uso de tecnologias aplicadas ao controle de tráfego, rastreamento de cargas e manutenção preditiva dos trens. “Trabalhamos em parceria com grandes embarcadores e contamos com uma equipe técnica especializada”, afirma.
Os bons resultados da MRS ocorrem em um contexto particularmente desafiador para o setor. A empresa ocupa posição de destaque em um momento em que o transporte ferroviário enfrenta novas necessidades, como a de adoção de tecnologias para ganho de eficiência e a de implementação de práticas sustentáveis em conformidade com a legislação internacional.
“Desafios estruturais, como a alta carga tributária e a baixa integração entre os modais, ainda persistem”, diz Isis Boostel, pesquisadora do Centro Universitário Newton Paiva e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais. “A esses fatores somam-se novas exigências, especialmente relacionadas à redução de emissões, demandadas por consumidores tanto no mercado interno quanto no exterior.”
Apesar dos obstáculos, para o presidente da MRS, o setor ferroviário tem potencial para ampliar sua participação no sistema logístico nacional. “O país avança na percepção de que a ferrovia é um componente essencial para um modelo mais sustentável, competitivo e integrado”, afirma Mello. Os números da companhia sugerem que esse movimento já está em curso.
Publicado em VEJA, outubro de 2025, edição VEJA Negócios nº 19







