Não tem essa de aumento para todos, diz líder do governo sobre Orçamento
Ricardo Barros (PP-PR) afirmou a VEJA que o impacto dos reajustes foi calculado pela ala política do governo
Aprovado pelo Congresso Nacional, o Orçamento de 2022 contempla um tópico, no mínimo, controverso. Sob o custo de 1,7 bilhão de reais, os policiais federais serão uma das poucas categorias agraciadas com aumento. A categoria, vale dizer, é pilar de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, e será acarinhada em ano eleitoral. O valor, no entanto, é menor que o montante solicitado pelo governo, de 2,9 bilhões de reais. Agentes de saúde também foram incluídos em meio ao pleito de parlamentares para essa categoria, que foi bastante demanda no último ano pela crise sanitária gerada pela Covid-19. O salário dos agentes de saúde, no próximo ano, sairá de 1.550 reais para 1.750 reais, o que promete aumentar a pressão em torno de reajustes para outras categorias. Em entrevista a VEJA, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), minimizou a possibilidade.
“O limite orçamentário para reajuste dos servidores é definido com base no espaço. Até certo limite, podemos avançar. Além disso, não”, afirmou o deputado. “Não tem essa de ‘todo mundo vai querer’, porque não tem espaço para isso. As categorias que o governo decidiu ou decidir inserir serão contempladas dentro do Orçamento. Quando a decisão foi tomada, acredito que o impacto político foi considerado”, disse ele. No Ministério da Economia, porém, é premente a preocupação quanto ao aumento das insatisfações e pressões em torno de reajustes — e a influência dos ministros da ala política, que despacham no Palácio do Planalto e sopram aos ouvidos de Bolsonaro sobre a necessidade de se adotar medidas populistas, visando as eleições do ano que vem.
Com a aprovação em todas as casas e sem alterações no texto-base, o governo também destinará 4,9 bilhões de reais para o fundo eleitoral e 16,5 bilhões de reais para as emendas do relator, que ficaram conhecidas como Orçamento Secreto, um tema bastante polêmico e alvo de críticas pelos opositores. O texto agora segue para sanção presidencial. Com a aprovação, a despesa para o próximo ano será de 4,82 trilhões de reais, sendo que 1,88 trilhão de reais será destinado para o refinanciamento da dívida pública. Já os investimentos somam a menor cifra da história, 44 bilhões de reais, e terão a Defesa como área com maior destinação.