“Não vai ser um ministério que vai salvar o país”, diz Haddad
“Todo mundo precisa ajudar. O Judiciário precisa ajudar, o Legislativo precisa ajudar, o Executivo precisa ser ajudado", afirmou o ministro

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira, 24, que o governo vai perseguir a meta de déficit zero para este ano, como fez no ano passado, e que tem o aval do presidente Lula para fazer isso. O ministro participou do evento “Rumos 2025”, promovido pelo Valor Econômico e afirmou, no entanto, que “se o Brasil quiser se sabotar, ele se sabota” e que o esforço fiscal precisa ser um esforço conjunto entre os Três Poderes e que “não vai ser um ministério que vai salvar o país.”
“Todo mundo precisa ajudar. O Judiciário precisa ajudar, o Legislativo precisa ajudar, o Executivo precisa ser ajudado”, afirmou. Ele ressaltou que a falta de compreensão sobre as necessidades fiscais do país existe no próprio Executivo. “Às vezes nem sempre você tem a compreensão da necessidade. Mas o papel do planejamento da Fazenda é justamente esse. Sensibilizar para a necessidade da gente olhar o país com um pouco mais de generosidade com o seu futuro.”
Ele ressaltou, em especial, a necessidade de apoio do Congresso: “Nós dependemos do Legislativo, muito, dependemos muito do Legislativo, para continuar perseguindo essas metas”.
Haddad rebateu críticas sobre o descontrole fiscal do governo e disse que prefere responder pelo que fez para dar uma “sinalização do que pretende fazer”. O ministro afirmou que o governo tem reduzido despesas e aumentado a arrecadação para equilibrar as contas públicas. Segundo ele, o gasto público como proporção do PIB caiu de 19,5% no período pré-pandemia para 18,7% mesmo com os custos adicionais relacionados à tragédia no Rio Grande do Sul em 2024. Ao mesmo tempo, a arrecadação subiu de 17% para 18,3% do PIB, resultado de medidas como a revisão de benefícios tributários.
“Se eu não estivesse mirando o centro da meta, nós poderíamos ter gasto pelo menos uns 17 bilhões de reais a mais no ano passado. Se nós tivéssemos jogado 17 bilhões a mais no ano passado, eu ainda estaria dentro da banda”, disse o ministro.
Haddad rebateu previsões pessimistas feitas no ano passado sobre uma possível “dominância fiscal” no Brasil, tese segundo a qual a política monetária perderia eficácia porque os juros elevados não conteriam a inflação nem restaurariam a credibilidade do país. Segundo ele, esse cenário não se concretizou e “não tem porquê acontecer a não ser que nós nos sabotemos”.
“Se o Brasil quiser se sabotar, consegue. Não é tão difícil assim. Agora, não tem porquê isso acontecer. Nós vamos continuar perseguindo as metas que foram estabelecidas. Nós confiamos no desenho que foi feito em 2023″, diz.