O que pensam os pré-candidatos sobre o negócio da Boeing com a Embraer
Candidatos de centro e direita aprovam venda da empresa brasileira, mas ponderam questão da soberania. Postulantes de esquerda estão descontentes
A compra de 80% da divisão de jatos comerciais da Embraer pela americana Boeing dividiu os pré-candidatos à Presidência. Enquanto os candidatos de esquerda criticaram a venda da empresa brasileira, presidenciáveis de centro-direita defenderam a negociação como forma de fortalecer a companhia, desde que preservada a soberania do país no setor de Defesa.
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e o senador Alvaro Dias (Podemos) são favoráveis ao negócio, mas ressaltaram que é fundamental a preservação da soberania do país no setor militar. “Poucas empresas e poucos países produzem aviões desse porte e com essa tecnologia. Mas é um mercado difícil de se enfrentar, e a fusão vai fortalecer as duas companhias. Importante é que o interesse estratégico brasileiro seja preservado”, afirmou Alckmin.
“A Embraer é um patrimônio nacional. Do ponto de vista econômico, a negociação é favorável. Defendo a competitividade. O que me preocupa, pela pouca transparência dada ao negócio pelo governo, é a questão da soberania”, diz Dias.
O mesmo ponto é defendido por João Amoêdo, do Novo: “O acordo é positivo para a empresa e para o Brasil, pois permite a maior integração do país na economia global e respeita a liberdade econômica e concorrencial”.
O ex-ministro da Fazenda do governo Michel Temer Henrique Meirelles (MDB) disse que é necessário preservar os interesses do País. “O acordo definitivo terá de atender aos interesses nacionais estratégicos para que seja aprovado pelo governo”, afirmou Meirelles.
O presidenciável do PRB, Flávio Rocha, comemorou o acordo. Questionado sobre a possibilidade de perda de soberania com o negócio, Rocha disse que o “argumento ultranacionalista” está desgastado. “Foi um momento em que uma empresa se viu diante de fatores extremamente favoráveis”, disse.
Críticas
Já entre os candidatos ligados à esquerda, o descontentamento com o negócio ficou evidente. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado a doze anos e um mês de prisão, disse, através do ex-presidente do PT Rui Falcão, que o visitou na prisão, que estava indignado com “a fusão mal explicada da Embraer”.
No Twitter, Manuela D’Ávila (PCdoB), falou que a separação da divisão de aviação civil da militar “é péssima para o Brasil”. “Nenhuma nação importante do mundo permite que seus interesses estratégicos, as garantias de sua soberania, sejam subordinados a interesses comerciais de meia dúzia de acionistas.”
Para Guilherme Boulos (PSOL), a compra “compromete os programas militares e a fabricação de aviões comerciais e jatos executivos. São milhares de empregos e fábricas eliminados numa só canetada.”
Procurados, Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) não se pronunciaram até o fechamento desta matéria. Antes da conclusão do negócio, Ciro havia afirmado que poderia desfazer o negócio. “A Embraer, eu vou tomar de volta”, disse em entrevista ao jornal Valor Econômico em março.