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Ninguém dita o que a China deve fazer, diz Xi nos 40 anos de reformas

Presidente do país prometeu novas reformas mas reforçou soberania, em meio a uma grande disputa comercial com os EUA

Por Da Redação
Atualizado em 18 dez 2018, 15h13 - Publicado em 18 dez 2018, 12h10
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  • A China celebra nesta terça-feira, 18, os 40 anos das reformas econômicas que transformaram o país na segunda maior economia do planeta. Em um evento no Grande Salão do Povo, em Pequim, o presidente do país Xi Jinping rejeitou qualquer interferência estrangeira no caminho escolhido pelo gigante asiático.

    “Ninguém pode ditar o que o povo chinês deve ou não deve fazer”, declarou Xi durante um discurso de quase uma hora e meia dedicado aos avanços da China desde a abertura econômica ao resto do mundo, iniciada em 1978. Nesse período, o Produto Interno Bruto (PIB) do país aumentou 42 vezes.

    Ao falar para membros do Partido Comunista Chinês (PCC) por quase 90 minutos, o presidente prometeu avançar nas reformas econômicas mas não especificou quais seriam as novas medidas.

    “Nós devemos, constantemente, reforçar o desenvolvimento da economia estatal enquanto, constantemente, encorajamos, apoiamos e guiamos o desenvolvimento não-estatal”, disse o governante, deixando claro que Beijing não vai abandonar seu sistema unipartidário ou aceitar ordens de outros países.

    “A bandeira socialista sempre esteve sobre nossas terras. A liderança do Partido Comunista Chinês é a parte mais importante e a maior vantagem do socialismo com características chinesas”, acrescentou. Afirmando ainda que a nação não tem objetivo “buscar a hegemonia” do mercado mundial.

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    A declaração do presidente acontece no momento em que Pequim enfrenta uma grande pressão dos Estados Unidos para que estabeleça “mudanças estruturais” em sua economia.

    As duas maiores potências econômicas do planeta protagonizam uma grande disputa comercial há vários meses, com a aplicação mútua de tarifas.

    Modernização parcial

    Idealizado pelo líder Deng Xiaoping, o atual programa econômico foi ratificado pelo Partido Comunista no dia 18 de dezembro de 1978, rompendo com as políticas do predecessor, Mao Tsé-Tung, que proclamou a República Popular da China em 1949, ficando no poder até 1976.

    As reformas abandonaram a coletivização maoísta, com estatização de terras e indústrias, lançando uma nova era que levou ao crescimento anual de dois dígitos e tirou milhões da miséria. A proposta previa uma “economia de mercado socialista”, em que o sistema político comunista gere uma economia capitalista, algo inédito entre governos do tipo.

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    O primeiro-ministro de Mao, Zhou Enlai, já defendia desde 1975 as “quatro modernizações” implantadas por Deng: Agricultura, Indústria, Ciência e Tecnologia e Defesa.

    Mas as novidades pararam por aí. O jovem Wei Jinsheng, que em dezembro de 1978 pediu uma “quinta modernização”, a democracia, passou 18 meses na prisão pela ousadia.

    Uma década mais tarde, em junho de 1989, a violenta repressão contra manifestações pró-democracia na Praça da Paz Celestial confirmou a ausência de liberdade aos críticos do sistema político e supremacia do PCC.

    As transformações econômicas não chegaram à política e ativistas continuam reclamando da deterioração dos direitos humanos nos últimos anos.

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    Qualidade de vida

    A China, hoje, abarca a maior quantidade de bilionários no mundo, 620, de acordo com a revista local Hurun Report.  Por outro lado, 80 milhões de pessoas ainda vivem com menos de 2 dólares no país.

    Ainda durante a celebração dos 40 anos, Jinping afirmou que “a pobreza não é o socialismo” e preferiu recordar as 740 milhões de pessoas que abandonaram a pobreza nas últimas quatro décadas.

    O presidente chinês reconheceu a necessidade de encontrar um equilíbrio entre reformas, desenvolvimento e estabilidade em um momento de desaceleração do crescimento do país. Seu PIB deve aumentar 6,6% em 2018, após um resultado de 6,9% ano passado, prevê Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics.

    A economia chinesa arrasta elevados níveis de dívida, o que obrigou o governo a adotar uma política restritiva de crédito e a reduzir os investimentos em infraestrutura. Parceiros econômicos, especialmente EUA e países europeus, criticam a suposta liberalização insuficiente do mercado.

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    No último balanço, em 2016, a China investiu 216 bilhões de dólares no mercado externo. Enquanto os estrangeiros investiram 168 bilhões no país, em comparação a valores irrisórios em 1970.

    O PIB chinês aumentou 42 vezes entre 1980 e 2017, expandindo de US$305 bilhões para US$12,7 trilhões. Em porcentagem, a média de crescimento do país foi de 10,2% no mesmo período. 

    Apesar da persistente desigualdade social, as reformas tiveram impacto positivo em parte da população da China, que cresceu de 963 milhões de habitantes em 1978 para 1,39 bilhão em 2017. O consumo local saltou de $49 bilhões para US$4.4 trilhões entre 1980 e 2016. E o peso e altura de homens e mulheres é maior que há 40 anos, graças ao maior acesso a alimentação.

    Segundo dados da NCD, ambos os gêneros crescem 4 centímetros a mais e têm entre 2 e 4% mais peso. A carne, antes artigo de luxo, passou a fazer parte da dieta diária de grande parcela da população urbana, maioria no cenário atual. No último Censo do país, a porcentagem de habitantes nas cidades do país era 53%, contra 10% no final dos anos 70. A projeção é de que o número chegue aos 65% até 2030, se o ritmo migratório se mantiver.

     

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