Nosso maior erro foi não ter colocado Previdência em votação, diz Marun
De acordo com ministro, nas contas do governo Temer faltavam cerca de 50 votos para que a reforma fosse aprovada e haviam 100 deputados indecisos
O ministro da Secretaria de Governo da Presidência, Carlos Marun, avaliou nesta quinta-feira 27 que o maior erro cometido pelo governo de Michel Temer foi não ter insistido na votação da proposta da Previdência na Câmara, mesmo com chance mínima de aprovação.
“O erro foi não termos votado mesmo sem a garantia de ganhar porque, assim, não obrigamos os indecisos a se posicionarem. (…) A derrota seria péssima mas acho que a pequena chance de vitória que existia, valia o risco”, afirmou o ministro em um café da manhã com jornalistas.
De acordo com ele, nas contas do governo faltavam cerca de 50 votos para que a reforma fosse aprovada e haviam 100 deputados indecisos. “Eu defendi a votação da proposta mas fui voto vencido. Os líderes partidários decidiram assim”, disse.
Marun, no entanto, minimizou a questão e afirmou que o mérito do governo Temer em relação a esta questão foi ter colocado a necessidade de uma reforma no setor na pauta política do país.
“A discussão é nacional. Hoje você vai em um bar e fala sobre a reforma da Previdência e ela só vai sair da pauta quando for votada”, afirmou. “Vejo hoje um maior reconhecimento das pessoas em relação a sua necessidade”, avaliou.
Para Marun, o próximo governo, de Jair Bolsonaro, deveria colocar a matéria em votação já no início do ano legislativo. “Eu vejo um certo e necessário empenho do próximo governo em aprová-la”, disse.
Já a maior vitória de Michel Temer na avaliação de Marun, foi a aprovação do teto de gastos públicos. “Isso foi o caminho para a recuperação econômica do País. Um governo nunca colocou limite para os seus próprios gastos”, disse.
Indulto e crédito rural
No encontro com jornalistas, Marun confirmou as indicações de Jungmann sobre o indulto natalino, de que o presidente Michel Temer deve assinar o decreto até a próxima sexta-feira e excluirá crimes como corrupção e infrações sexuais relacionadas a crianças.
O ministro também comentou outras questões do fim do mandato. Marun afirmou que o presidente em exercício não assinará a prorrogação da adesão ao parcelamento das dívidas dos produtores rurais, que vence no próximo dia 31, e que foi pedida pela futura ministra da agricultura, Tereza Cristina.
Segundo ele, a decisão até agora é que não há espaço no Orçamento para isso e o futuro governo, comandado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, terá que fazer as suas contas.
O ministro disse ainda que o tema tem sido bastante discutido na bancada ruralista, mas que a equipe de Michel Temer não sabe se há unanimidade no futuro governo sobre o tema.
(Com Estadão Conteúdo)