Nova ameaça? Cobre pode ser o próximo da lista de Trump
Em março, o preço médio do metal já subiu 4%, indo a US$ 9.700 por tonelada. Ontem, atingiu valor máximo, de US$ 9.982 por tonelada

O mercado global de commodities tem vivido um período de alta volatilidade e incerteza com a guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em março, o preço do cobre já teve uma alta de 4%, com o valor médio do metal atingindo 9.700 dólares por tonelada. No acumulado do ano, a valorização é de 15%, considerando que o metal saiu de um mínimo de 8.685 dólares por tonelada para a máxima de 9.982 dólares por tonelada, valor alcançado ontem. Os movimentos protecionistas estão no centro dessa disparada. Após as tarifas sobre o aço e o alumínio, agora as especulações se voltam para o cobre.
Embora Trump ainda não tenha anunciado formalmente tarifas sobre o cobre, os sinais são fortes. O Departamento de Comércio dos EUA iniciou uma investigação em fevereiro, com o objetivo de avaliar a possibilidade de restringir as importações do metal e incentivar a produção interna. Essa movimentação reflete a tentativa da administração Trump de fortalecer indústrias domésticas estratégicas, em detrimento da dependência de importações.
O cobre é fundamental na fabricação de tubos, cabos elétricos, componentes eletrônicos, sistemas de energia renovável, e até mesmo veículos elétricos. Setores como a construção civil, a infraestrutura energética, e a indústria automotiva são amplamente dependentes do metal.
As restrições às importações de cobre, bem como de outros metais, como aço e alumínio, têm o potencial de elevar os custos de produção para uma ampla gama de indústrias nos Estados Unidos, desencadeando pressões inflacionárias e repassando os aumentos de preço aos consumidores finais. As medidas vão contra os esforços do banco central americano, o Federal Reserve (Fed), de controlar a inflação, que ainda está fora da meta de 2%.
Se a administração avançar com a medida, o efeito pode ser uma nova rodada de incerteza e volatilidade nos mercados, impactando diretamente economias exportadoras de cobre, como Chile e Peru. Juntos, esses países dominam uma fatia considerável da produção mundial de cobre, e uma medida protecionista dos EUA poderia resultar em retaliações comerciais. Além disso, a medida pode agravar as tensões entre os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais, como a China, que é o maior consumidor global de cobre.
O que está em jogo vai muito além do preço de um metal. As tarifas de Trump sobre os metais podem representar um novo ponto de inflexão no cenário comercial global, ameaçando o equilíbrio entre produção, comércio e consumo em setores essenciais da economia. À medida que as tensões comerciais aumentam, o impacto potencial sobre a economia mundial é imprevisível, mas certamente profundo.