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O comércio eletrônico se consolida, mudando o capitalismo para sempre

Com a adesão de milhões de clientes, a nova era é um caminho sem volta, e isso é ótimo para empresas e consumidores

Por Alexandre Senechal Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h35 - Publicado em 8 jan 2021, 06h00

O homem mais rico do mundo é o americano Jeff Bezos, fundador da Amazon. Na China, não há fortuna que rivalize com a de Jack Ma, criador do Alibaba. No Brasil, nenhuma mulher tem tanto dinheiro quanto Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza. Há um fator em comum que os une, além da conta bancária generosa: todos estão à frente de empresas que têm o comércio eletrônico como vertente principal de negócios. Não é preciso muito esforço para entender por que suas companhias são geradoras inesgotáveis de caixa: o e-commerce representa hoje, sob diversos aspectos, o que o petróleo significou para os desbravadores do fim do século XIX. Poucos ramos de atividade – talvez nenhum – produzem tantos recursos monetários em velocidade tão rápida, quase imediata. As vendas on-line são o grande fenômeno do capitalismo moderno, mas isso é apenas o começo.

O varejo eletrônico é uma realidade global por uma razão óbvia: comodidade. Um cidadão no interior do Brasil pode encomendar peças de automóvel de um fabricante japonês e recebê-las na porta de casa, sem sustos nem inconveniências. Na mesma medida, um pequeno empreendedor americano que constrói armações de óculos as envia para qualquer canto do mundo, até para ilhas desertas, se for o caso. O comércio eletrônico atende a todas as pontas do negócio, e isso explica seu avanço avassalador. Ele funciona para quem vende, para quem compra e para as empresas que fornecem as plataformas — as Amazons e os Alibabas da vida — capazes de viabilizar com segurança as transações.

arte comércio online

O que já era tendência tornou-se um fenômeno consolidado na pandemia do coronavírus. Com as restrições de circulação em diversas partes do mundo, a saída mais segura para abastecer a casa e saciar os desejos consumistas era a tela da internet — bastavam alguns cliques e pronto. O Brasil, como não poderia deixar de ser, entrou na onda. Segundo dados da Ebit|Nielsen, o faturamento do comércio eletrônico nos seis primeiros meses de 2020 chegou a 38,8 bilhões de reais, um aumento de 47% em relação a 2019. Outro estudo, da empresa de inteligência de mercado Neotrust/Compre&Confie, calcula que o segmento chegou até a dobrar de tamanho nos meses de pico do ano, entre abril em junho (os números definitivos ainda não foram consolidados). “Pelo menos 12 milhões de novos consumidores fizeram compras virtuais pela primeira vez”, diz André Dias, fundador da instituição. “Quem já tinha o hábito, aumentou a frequência.”

De fato, o mercado brasileiro tem imenso potencial. Estima-se que, ao fim de 2021, as compras virtuais representem 15% do varejo nacional. Na China a participação é de 30%. Não à toa, as empresas têm planos ambiciosos para o país. A Amazon abriu centros de distribuição no Norte para evitar a dependência logística do Sudeste. Outros serão inaugurados em breve. O Magazine Luiza está utilizando suas próprias lojas físicas em áreas mais remotas para armazenar os produtos. A nova era do e-commerce é um caminho sem volta, e isso é ótimo para empresas e consumidores.

Publicado em VEJA de 13 de janeiro de 2021, edição nº 2720

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