O curioso “cheque” de R$ 12 milhões da candidata Soraya Thronicke
Presidenciável pelo União Brasil, senadora desembolsa quantia vultosa para a contratação de agência recém-criada, que deixa Facebook e Google para trás
A campanha da senadora Soraya Thronicke, candidata à Presidência pelo União Brasil, destinou 12,5 milhões de reais para o CNPJ sob nome fantasia D22 Comunicação Spe Ltda para a produção de programas para rádio, TV e vídeos para internet. A quantia coloca a empresa na segunda posição no ranking de fornecedores, segundo o portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a prestação de contas dos candidatos. Para se ter uma ordem de grandeza, gigantes como Facebook e Google, por exemplo, aparecem com arrecadações estimadas em 9,5 milhões de reais (desembolsados por 916 candidatos) e 4,2 milhões de reais (297 candidatos), respectivamente.
Mas quem é o dono ou a dona da D22? Já que não há nenhum portal específico da empresa na internet, VEJA pesquisou suas origens e obteve a informação de que a empresária Andrea Duraes Sader é a dona de 100% do capital social da agência. Além da D22, Sader é dona da produtora D7 Filme, sediada em São Paulo, que produz peças publicitárias e projetos culturais, de marketing institucional e governamental, para todas as diferentes mídias. Em 2014, a D7 realizou a campanha em favor do então candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves.
Além do investimento da candidata do União Brasil, chama atenção também o desembolso da campanha do ex-presidente Lula, que coloca sozinho a empresa M4 Comunicação e Propaganda Ltda na primeira posição do ranking de prestação de contas, com o emprego de 25,9 milhões de reais para a produção de campanhas publicitárias.
Após a publicação desta reportagem, a assessoria de comunicação da candidata do União Brasil entrou em contato para esclarecer que a campanha usou “transferência bancária”, e não “um cheque para pagar a produtora D22”. Também afirmou que o “impulsionamento de mídia nos veículos como Facebook e Google” não podem ser comparados às “despesas de produção de filmes e materiais para rádio”. A candidata ainda frisa que “os valores destinados à produtora são de mercado. Numa simples verificação no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é possível verificar que campanhas de anos anteriores destinaram valor similar ou maior” e que “o fato de a D22 ter um CNPJ recente é porque se trata de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), prática comum em empresas que prestam serviços em campanhas eleitorais”. Por fim, a equipe da candidata afirma que a empresa contratada “passou por um rigoroso compliance por parte do União Brasil, atestando toda a regularidade do processo.”