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O impacto bilionário da Arábia Saudita no futebol mundial

Com Arábia Saudita em destaque, janela de transferência já soma crescimento de 1,5 bilhões de reais

Por Pedro Gil 28 jun 2023, 16h19
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  • O mercado da bola segue em constante movimentação na composição dos elencos para as próximas temporadas. No ano passado, a temporada 2022/23 movimentou 3,8 bilhões de reais. Já neste ano, para a temporada 2023/24, a marca ultrapassou 5,3 bilhões de reais, o que corresponde a um crescimento de 1,5 bilhão de reais. O faturamento com atletas brasileiros chega a 413,8 milhões de reais, 7% do total. “O que essa janela traz de mais interessante é a radical mudança do perfil representado pela entidade estatal saudita que assumiu o controle dos principais clubes do país e iniciou um processo de pagamento de valores nunca antes pagos”, afirma Thiago Freitas, responsável técnico da TFM Agency, agência esportiva que representa atletas de futebol.

    Assim como já aconteceu com os mercados do Japão, Estados Unidos e China, desta vez quem dá as cartas é o futebol saudita, que está em destaque após as contratações de Cristiano Ronaldo, Benzema e pela procura de outros grandes nomes para fortalecer as equipes locais. O propósito da família real na Arábia Saudita é aumentar a receita da liga profissional. Atualmente, o valor do futebol por lá está na casa dos 573 milhões de reais. Até 2030, a expectativa é elevá-lo para 2,3 bilhões de reais. “Esse movimento saudita não gera consequências apenas nos orçamentos dos clubes sauditas e dos atletas que contratam, mas impactam toda a “pirâmide” do futebol europeu”, explica Freitas. É um efeito cascata.

    Os efeitos já estão sendo sentidos. Antes transmitida somente no Oriente Médio, a liga saudita fechou um acordo com a IMG, que repassou os direitos de transmissão para mais de 36 emissoras em 15 países diferentes. “Os valores e a relevância dos atletas envolvidos vão rapidamente turbinar a liga em todos os sentidos. Esses movimentos fazem parte da pavimentação da estrada para uma candidatura vitoriosa para sediar a Copa do Mundo”, analisa Armênio Neto, sócio-fundador da Let!sGoal. “Mas se o objetivo de colocar a liga em posição de destaque é uma estratégia para 2030 ou com foco no longo prazo e perenidade, só o tempo e a disposição para os investimentos vão dizer”, concluiu.

    Para Eduardo Carlezzo, que estuda o mercado saudita e é especializado em janela de transferências internacionais, a liga saudita passa por um acelerado processo de reestruturação, turbinada pelos recursos vindos da exploração do petróleo. “Essa semana foi anunciada a privatização dos clubes. Em um processo que guarda algumas semelhanças com que o passa o Brasil, os clubes passarão às mãos da iniciativa privada, pelo menos alguns”, explica. “Aqui os clubes são majoritariamente associações, portanto não tem um dono definido. Lá, os clubes são de propriedade do Estado, normalmente nas mãos de membros da família real”, completa o especialista.

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