Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

O mercado de vinhos on-line acelera no Brasil

Venda da bebida alcança o patamar mais alto da história. Mesmo assim, o consumo continua baixo no país

Por Humberto Maia Junior
Atualizado em 4 jun 2024, 15h13 - Publicado em 25 set 2020, 06h00

Uma simples pesquisa na internet escancara o novo e borbulhante mercado de vinhos no Brasil. De imediato, o interessado é bombardeado por uma quantidade surpreendente de vendedores on-line: Wine, Vinci, Evino, World Wine, Sonoma, Verita Vino, Grand Cru e Mistral, entre muitas outras lojas. E elas se espalham pelo país. A Onivino é do Espírito Santo, a Top Wines está baseada em Santa Catarina e a Empório Sete envia tintos e brancos de Goiás. Com o isolamento provocado pela pandemia, as pessoas deixaram de frequentar eventos sociais, mas não pararam de beber. Segundo a consultoria Ideal Consulting, o mercado brasileiro, incluindo a produção nacional e os importados, atingiu 264 milhões de litros de janeiro a julho, uma alta de 37% na comparação com o mesmo período do ano passado. Quando se analisa somente o período da pandemia, o avanço é mais impressionante: os negócios triplicaram, saindo de 21,3 milhões de litros em março para 63,4 milhões de litros em julho — o delivery foi fundamental para turbinar os números.

Embora a maior parte das vendas ocorra nos supermercados tradicionais, o que tem chamado atenção é o crescimento das lojas on-line. “Pelo menos um investidor nos procura toda semana para conhecer o mercado de vinhos e ingressar no setor”, diz Felipe Galtaroça, presidente da Ideal Consulting, que tem entre clientes os maiores importadoras de vinho do país. De fato, não faltam competidores. Há importadores tradicionais e pequenos empórios locais, que, com a pandemia, se viram forçados a migrar ou intensificar a presença digital. Além deles, marcam presença no segmento os nativos digitais, que já começaram no ambiente on-line. “Nascemos para descomplicar o mundo do vinho”, diz Ari Gorenstein, presidente da Evino. No segundo trimestre, a empresa viu as importações subir 112%, enquanto o número de novos clientes saltou 140%. Agora, 1 milhão de pessoas estão cadastradas na plataforma.

Uma das estrelas do mercado é a Wine, que tem entre os controladores o fundo de investimentos Península, criado pelo empresário Abilio Diniz. Fundada em 2008, a empresa teve receitas de quase 150 milhões de reais no primeiro semestre — alta de 26% ante os primeiros seis meses de 2019 — e lucro de 70 milhões de reais. O foco é o clube de assinatura, que saiu de 124 000 sócios em junho do ano passado para 180 000 em 2020. Em setembro, iniciou o processo para uma oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês). Segundo informações de mercado, a Wine espera levantar 1 bilhão de reais com a abertura de capital na bolsa.

arte-vinho

Para ganhar o mercado — e se diferenciar dos concorrentes — muitos têm adotado como estratégia produzir conteúdo educativo. Uma das mais bem-sucedidas é a Vinhos de Bicicleta, que nasceu em São José dos Campos, no interior de São Paulo, em 2012. Em vez de brigar com gigantes como a Wine e a Evino, a empresa quer cativar fãs com informações. O canal da marca no YouTube tem quase 90 000 inscritos e está entre os maiores dedicados ao vinho da América Latina. Em 253 vídeos, o sommelier Rodrigo Ferraz, fundador da empresa, explica as características de variedades de uvas, conta a história das grandes regiões produtoras, dá dicas de harmonização e convida famosos para degustações — Hernanes, jogador do São Paulo, foi um dos participantes. O conteúdo gratuito atrai os mais interessados para cursos pagos, que custam entre 445 e 495 reais. Dos 4 000 alunos formados, 40% vieram durante a quarentena. “Nossas vendas pelo site aumentaram quatro vezes”, afirma Ferraz.

Continua após a publicidade

O esforço para descomplicar o mundo do vinho é justificado. Comparado com Itália, Portugal e França, o Brasil é quase abstêmio em se tratando de vinhos. Nesses países, o consumo per capita chega à casa das dezenas — em Portugal, cada pessoa bebe, em média, 62 litros por ano. No Brasil, são 2,8 litros, e isso porque o mercado quase dobrou de tamanho de um ano para cá. “Trabalhamos para tirar o vinho do pedestal e torná-lo um produto que deve estar presente na mesa dos brasileiros”, diz o sommelier italiano Massimo Leoncini, que comandou a adega do Grupo Fasano por nove anos e hoje é sócio do restaurante Extásia, além de sommelier executivo da rede Grand Cru. Para ele, os brasileiros têm uma vantagem: por não haver uma tradição local, o mercado é aberto a experimentações. “Um italiano do Piemonte não conhece o vinho da Basilicata”, diz Leoncini. “No Brasil, podemos consumir bebidas do mundo inteiro.” Com a explosão dos negócios on-line, isso será cada vez mais verdadeiro. Um brinde à nova era.

Publicado em VEJA de 30 de setembro de 2020, edição nº 2706

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.