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O novo negócio da Apple tem aulas de ioga, remo, bike, ou meditação

Sem um iPhone novo na prateleira, a empresa de Steve Jobs surpreendeu ao lançar um novo negócio; mas as ações caem 2% nesta quarta

Por Josette Goulart Atualizado em 16 set 2020, 15h31 - Publicado em 16 set 2020, 15h20
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  • Quando chegar o futuro e olharmos para trás, Tim Cook promete que veremos que a maior contribuição da empresa para a humanidade terá sido na área da saúde. O presidente da Apple, a empresa mais valiosa do mundo com valor de 2 trilhões de dólares, fez a declaração em janeiro do ano passado, em uma entrevista para uma rede americana de televisão. Ele destacava um negócio que começou em 2014 quando a Apple lançou seu relógio, que mede batimentos cardíacos, acompanha o sono, a respiração. Neste ano, no evento mais esperado pelos fãs da companhia, quando coloca os holofotes sobre seus produtos, a Apple abriu seu show com depoimentos de pessoas contando como suas vidas foram salvas porque sabiam o momento de procurar um médico, graças aos dados registrados em seus relógios Apple, o Apple Watch. Em tempos de preocupação cada vez mais constante com a saúde, o relógio ganhou uma nova função: um oxímetro, usado para monitorar a evolução em casos de  Covid-19. A empresa ainda surpreendeu ao lançar um novo serviço, o Fitness+,e mira a aposta no bem estar. De qualquer um dos aparelhos Apple, emparelhados com o relógio, a pessoa poderá fazer exercícios com professores online e ter a resposta cardíaca ao mesmo tempo. São aulas de ioga, de bicicleta, de remo, até de mindfulness. Tudo com vídeos de altíssima qualidade e som de primeira. No super show da Apple ocorrido nesta semana, entretanto, faltou a estrela mais esperada: o iPhone 12, ou o nome que tiver quando for lançado.

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    Tim Cook, CEO da Apple: aposta em saúde, bem-estar e serviços; Iphone 12 fica para depois (Apple/Divulgação)

    Não chegou a ser uma surpresa a ausência do novo modelo do iPhone já que, quando a companhia divulgou seus resultados, em julho, informara que, pela pandemia, alguns fornecedores atrasaram entregas e provavelmente o telefone seria lançado com atraso. O iPhone representa mais da metade do faturamento da empresa e não é a toa que os investidores ficam apreensivos sem saber como será o novo telefone. Ainda mais com a supevalorização das ações. A Apple explodiu na Nasdaq. Desde o ano passado, o papel valorizou mais de 200%. Curioso é que a supervalorização da companhia aconteceu mesmo com a queda da venda de iPhones. Depois do sucesso do iPhone X, lançado em 2017, a receita com as vendas do telefone caíram 40%, no ano passado, e neste ano crescem apenas 2%. Mesmo assim, o iPhone ainda leva os investidores a apostar na Apple, na expectativa do superciclo de vendas com o 5G, a nova geração da telefonia celular. Mas, fica a dúvida. Não se sabe ainda se o novo IPhone comportará a tecnologia. 

    A Apple também lançou ontem um pacote de serviços, o Apple One. Basicamente, o consumidor poderá escolher entre três tipos de pacotes que incluem serviços de musica, televisão, notícias, iCloud, além do mais novo serviço de aulas Fitness. O mercado foi pego de surpresa com a novidade, mas não achou nada mal, principalmente pela conexão com o relógio. Os analistas do Morgan Stanley avaliam que se só 5% de quem possui um relógio da Apple assinar o serviço fitness, já são quase 150 milhões de dólares faturamento. Os analistas do Morgan Stanley também fizeram as contas para a penetração do Apple One em toda a base da empresa. Eles dizem que mais da metade dos usuários da Apple não pagam por serviços e que se apenas 1% deles assinar algum pacote, já serão outros 450 milhões de dólares a mais de faturamento por ano. A empresa faturou 46 bilhões de dólares com serviços no ano passado e está crescendo 15% neste ano.

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    Os investidores cobram que a companhia dependa cada vez menos do iPhone, e há uma busca da Apple neste sentido. Os analistas da  Goldman Sachs, mesmo com o lançamento do serviço fitness e o pacote de assinaturas, continuam recomendando a venda das ações porque acreditam que a empresa não entrega resultados compatíveis com a valorização das ações. Vale ressaltar, porém, que eles erraram em abril quando também recomendavam a venda e de lá para cá a ação valorizou 70%. Eles explicam que boa parte da alta se deve ao fenômeno dos investidores pessoas físicas que muitas vezes investem porque amam a marca. O estrategista internacional da XP, Guilherme Giserman, diz que a Apple é um tipo de empresa que ainda gera expectativas sobre seu próximo produto revolucionário.

    Uma coisa é certa, os preços dos produtos da Apple continuam altos. A empresa anunciou iPads novos na terça-feira. Um deles, que promete se tão rápido e eficiente quanto um computador, chegará a custar quase 20 mil reais no Brasil. O novo Apple Watch deve valer 3 mil reais por aqui. A democratização da saúde prometida por Tim Cook ainda pode demorar a chegar no Brasil. Em Cingapura, a Apple anunciou um acordo com o governo local e todo mundo que comprar um relógio poderá participar de uma espécie de jogo em que administração local dará uma recompensa de 280 dólares para os participantes que adotarem comportamentos saudáveis, devidamente registrados no relógio. Como disseram os analistas da Robinhood, a Apple está preocupada em não deixar você abandonar seu ecossistema. O lançamento dos novos produtos não empolgou os investidores e as ações caem 2% nesta quarta-feira na Nasdaq. Os investidores ainda esperam “mais uma coisa”, o jargão usado anos a fio por Steve Jobs quando fazia os principais anúncios dos novos produtos da companhia. 

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