Nesta quarta-feira, 28, os mercados mundiais estão com os olhos voltados ao anúncio do Federal Reserve Bank. Às 15h no horário de Brasília, será divulgada a ata do Fomc, o comitê do banco central americano, sobre a decisão de política monetária dos Estados Unidos, seguida pelo discurso e a entrevista coletiva de Jerome Powell, presidente do Fed.
As expectativas estão nos sinais que o banco central americano dará sobre o plano de retirada de política monetária para os próximos meses e principalmente sobre o ritmo do programa de compra de títulos que vêm injetando bilhões de dólares na economia desde o início da pandemia. Atualmente as compras seguem em 120 bilhões de dólares ao mês – 80 bilhões de dólares de títulos do Tesouro americano e 40 bilhões de dólares em hipotecas.
Sinalizar quando começará a retirada dos estímulos monetários é o primeiro passo para saber quando os juros do país começarão a subir. “Não tem subida de taxa de juros sem antes parar as compras. A última vez que isso ocorreu foi em 2014, durante 10 meses as compras foram sendo reduzidas em 10% mês a mês e, depois de 14 meses, a taxa de juros subiu”, diz Adriano Cantreva, economista e sócio da Portofino Multi Family Office. “De qualquer maneira, o mercado espera o início da redução das compras para outubro de 2021.”
Desde o último comunicado do Fed, em junho, novos fatores entraram no radar econômico, como a variante delta do novo coronavírus, que chegou a derrubar as bolsas e levou o governo americano a retomar o uso obrigatório de máscaras pela população. Além disso, no mês passado, a inflação veio em 5,4%, acima do que o próprio Fed estava esperando. Há ainda o pacote de 3,5 trilhões de dólares em discussão no Congresso e que, se aprovado, pode pressionar os preços para cima.
“O mercado quer saber qual é o plano de ação para conter a inflação e o grande debate é se ela temporária ou não. O Fed acredita que é temporária e o mercado por enquanto está seguindo esta leitura. Toda essa discussão vai certamente continuar por vários meses e só em março do ano que vem teremos a inflação do acumulado de doze meses, já que em março deste ano começamos a retomada”, diz Cantreva.
Última reunião do Fomc
Na última reunião, o Fomc manteve o ritmo de compras de títulos no patamar de então, bem como as taxas de juros entre 0 e 0,25%. Além disso, afirmou que continuaria avaliando nas próximas reuniões “o progresso da economia em direção às nossas metas e avisará com antecedência antes de anunciar qualquer decisão”.
Na ocasião, 13 dos 18 presidentes dos bancos centrais estaduais que participam do Fomc previram aumento de juros até o fim de 2023 e sete deles estimaram dois aumentos até lá.