Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

O que esperar do Drex, o Real digital, que entra em nova fase de testes

Ele chega com a promessa de revolucionar a indústria financeira do país

Por Márcio Juliboni 13 jul 2024, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Batizado de Drex e apresentado pelo Banco Central em agosto do ano passado, o real digital entra agora em sua segunda etapa de testes, na qual os bancos e demais participantes do projeto vão propor aplicações práticas para a novidade. “O Drex representa uma transformação completa da infraestrutura financeira”, diz Thamilla Talarico, sócia da EY Brasil e responsável pela área de ativos digitais da consultoria. A digitalização da moeda não é uma jabuticaba. Segundo o instituto americano Atlantic Council, 134 países e regiões, representando 98% do PIB global, estão se esforçando para criar suas moedas digitais e usufruir o crescimento econômico que elas podem destravar.

    Para entender esse potencial, é preciso conhecer a árvore genealógica do real digital. Seus avós são as criptomoedas, como o pioneiro Bitcoin. Delas, o Drex herdou dois pilares. O primeiro é o blockchain, tecnologia de registro descentralizado de transações, que permite que os usuários de uma plataforma arquivem não apenas as suas próprias operações, mas a de todos os demais. O segundo é a tokenização, processo que gera uma representação digital de qualquer coisa do mundo real — de uma obra de arte a cabeças de gado. Os pais do Drex são as stablecoins, criadas para atenuar as fortes oscilações de preços das criptos convencionais. Para tanto, atrelam seu valor a outros ativos, como o dólar e o ouro. Com as stablecoins, o real digital aprendeu que é possível se ancorar em algum ativo para manter a estabilidade. Ao contrário de seus antecessores, o Drex será lastreado nele mesmo, já que é a representação virtual do real, a moeda emitida e controlada pelo Banco Central do Brasil. Isso também a diferencia de seus “avós”, criptomoedas que podem ser criadas por qualquer pessoa.

    AGILIDADE - Apartamentos à venda: negociar imóveis ficará mais fácil
    AGILIDADE - Apartamentos à venda: negociar imóveis ficará mais fácil (Eduardo Knapp/Folhapress/.)

    Um exemplo prático mostra como funciona a nova moeda. Quando o salário de alguém for depositado no banco, será convertido em Drex, mas, no extrato, constará apenas que a pessoa tem reais na conta. Não haverá, portanto, um salário em reais físico e o equivalente em reais digitais. É verdade que a maior parte do dinheiro já é virtual. Cada vez menos, usamos cédulas. Os reais digitalizados parecem gêmeos siameses do Drex, mas têm fortes limitações. Se pudessem falar, não saberiam responder por que saíram da conta de alguém e caíram na de outra pessoa. Já a nova moeda saberá, porque carregará os chamados contratos inteligentes.

    O exemplo preferido de quem participa do projeto do BC é o da venda de um carro. O Pix realizado nesse negócio significa apenas que uma quantia de dinheiro trocou de mãos. Nada, a não ser a palavra dos envolvidos, garante que a propriedade seja transferida para o comprador. É preciso vencer uma maratona burocrática para que o novo dono consiga, enfim, tomar posse do automóvel. Com os novos contratos inteligentes, a própria transferência do dinheiro será “carimbada” com as informações sobre a transação, incluindo as condições para que ela seja concluída. Assim, o contrato pode ser interrompido automaticamente se uma das partes não cumprir com o combinado.

    Continua após a publicidade

    arte Drex

    Esse é apenas um exemplo das fronteiras abertas pelo real digital. O Banco Central e os dezesseis consórcios que participam do projeto mal começaram a arranhar as possibilidades. O que se sabe, contudo, é que ele tende a se desenvolver rapidamente na estruturação de novos produtos financeiros. Em vez de comprar uma ação, será possível investir apenas numa pequena parte dela. “Poderemos adquirir fatias muito menores de bens e ativos, e isso vai democratizar os investimentos”, afirma Larissa Moreira, gerente do Itaú Digital Assets. Já transações que envolvem troca de propriedade devem demorar mais um pouco. Embora a tecnologia permita a transferência instantânea de titularidade de um bem, ainda é necessário resolver questões legais e acomodar interesses, como os dos cartórios. “Quem garantirá a propriedade de um imóvel que foi tokenizado para ser pago com Drex: o escrivão ou o dono do token?”, indaga Renata Petrovic, líder de inovação do Bradesco. Espera-se que o Drex esteja disponível comercialmente até 2026. E então, quando esse problema for resolvido, as pilhas de papel e carimbos deixarão de bloquear a dinâmica da economia.

    Publicado em VEJA de 12 de julho de 2024, edição nº 2901

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.