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O que explica a alta dos combustíveis e o etanol subir mais que a gasolina

Com restrições na produção de petróleo, entressafra do etanol e o real desvalorizado frente ao dólar, o resultado é um combustível encarecido para o cidadão

Por Diego Gimenes
Atualizado em 15 mar 2021, 23h12 - Publicado em 15 mar 2021, 16h52
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  • Uma das mais desagradáveis surpresas para o bolso do brasileiro em 2021 foi a disparada nos preços dos combustíveis. Não bastasse as contas de início de ano, como IPVA e IPTU, e o repentino aumento dos planos de saúde, os consumidores também tiveram de lidar com seguidos reajustes nas bombas dos postos. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do litro de gasolina subiu 14,6% de janeiro a março, enquanto o de etanol encareceu 21,1%. Segundo especialistas consultados por VEJA, o ciclo de alta tem relação com três variáveis: preço internacional do petróleo, desvalorização cambial e o período de entressafra do etanol.

    A explicação para a disparada do etanol — que, percentualmente, encareceu mais que a gasolina — está na própria demanda pelo biocombustível e pelo período de entressafra do produto. Embora o consumo de gasolina tenha caído 4,1% em 2021 em relação a 2020, segundo a edição mais recente do Boletim de Monitoramento Covid-19, do Ministério de Minas e Energia, o de etanol subiu 6,1% na mesma comparação. Se há maior demanda, o preço acompanha a alta. Além disso, o início de ano é marcado pela tradicional entressafra da cana-de-açúcar, que encarece o etanol no primeiro quadrimestre. Com a curva de demanda crescente e a de oferta caindo, o resultado não poderia ser outro que não fosse a subida dos preços.

    Atualmente, o preço médio do litro de gasolina é de 5,299 reais, e o de etanol, 3,901. “A tendência, a partir de agora, é de uma estabilização dos combustíveis. Além do período de entressafra do etanol estar perto do fim, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) pode suspender as restrições em cima do petróleo no mês de abril”, projeta Thadeu Silva, chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone. Vale lembrar que a alta dos combustíveis é motivo de dor de cabeça para o governo federal, uma vez que a inflação de fevereiro foi a maior desde 2016 em função da gasolina, que teve participação de cerca de 42% no resultado final.

    O preço do petróleo no mercado externo segue pressionado. A Opep+ manteve os cortes na produção mundial da commodity em março, com o argumento de que a recuperação da demanda ainda é frágil. A decisão refletiu na alta da cotação do petróleo tipo Brent, orçado em 69 dólares nesta segunda-feira, 15.

    Outra razão que explica o aumento dos combustíveis por aqui está na própria natureza da cotação, em moeda americana. Em 2020, o real se desvalorizou 22,4% frente ao dólar e, em 2021, já acumula desvalorização de 10,2%, segundo a agência Austin Rating.

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    Para efeito de comparação, ainda que o petróleo esteja pressionado no mercado externo, o valor do diesel brasileiro está 14% menor que a média mundial, em um patamar abaixo do registrado em 2019, por exemplo. “O principal fator de preço é, sem dúvida alguma, a desvalorização cambial violenta nos últimos anos”, afirma Silva. “O preço internacional está muito bem suportado, sobretudo com a restrição de produção imposta pela Opep+”.

    Impostos

    Numa tentativa de frear os reajustes e dividir a culpa pelos aumentos com os governadores, o presidente Jair Bolsonaro zerou as alíquotas de PIS/Cofins para o diesel e baixou um decreto que obriga os postos a discriminarem o valor dos combustíveis, tais quais as alíquotas de ICMS, e o valor cobrado dos impostos federais. O decreto entra em vigor no próximo dia 23.

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