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O que explica a queda do petróleo em meio aos conflitos no Mar Vermelho?

Commodity mantém estabilidade, sendo negociada em 76 dólares/barril, queda de 10,5% em relação ao mesmo período de 2023

Por Luana Zanobia Atualizado em 7 Maio 2024, 16h20 - Publicado em 17 jan 2024, 15h26

Ao contrário das expectativas habituais e em um desvio surpreendente do padrão histórico, a recente intensificação das tensões no Mar Vermelho, marcada pelos confrontos entre os rebeldes Houthi e as forças americanas e britânicas, não resultou nos esperados sobressaltos nos preços do petróleo. Neste intrincado cenário dos mercados de commodities, o petróleo Brent, cotado em torno de 70 dólares por barril, desafiou as projeções ao apresentar uma queda de 1% nesta quarta-feira, alcançando a marca de 76 dólares.

O valor representa uma queda de 10,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o preço alcançou 85 dólares/barril. Este paradoxo, que mantém analistas e investidores intrigados, destaca uma dinâmica inesperada diante de um conflito que historicamente impulsionaria as cotações do petróleo.

A suspensão, por tempo indeterminado, do transporte de produtos pela Shell no Mar Vermelho, em meio aos ataques dos houthis a embarcações comerciais, não causou o salto esperado nos preços do petróleo. Surpreendentemente, a produção de petróleo não foi afetada até o momento, mantendo a oferta estável e desafiando as expectativas de uma reação imediata nos mercados.

Na análise da Capital Economics, as preocupações com uma demanda fraca, o robusto crescimento de oferta em outras regiões e a visão do mercado de que um conflito mais amplo é improvável estão ajudando a manter o preço estável. Além disso, segundo o analista Gordon Ramsay da RBC Capital Markets, os investidores estão mais prudentes em suas apostas após as interrupções no fornecimento russo em 2022 não terem causado os sobressaltos esperados.

A dinâmica dos preços do petróleo também pode ser explicada pela influência direta da política monetária sobre a economia. No caso em questão, o aumento dos juros dos Treasuries e a valorização do dólar, desencadeados pelos comentários “hawkish” do diretor do banco central americano, Christopher Waller, desempenharam um papel significativo. A abordagem “hawkish” implica uma postura mais restritiva em relação à política monetária, indicando uma inclinação para manter as taxas de juros como medida de controle da inflação.

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Essa postura mais rígida na política monetária tem efeitos diretos na desaceleração da atividade econômica. O encarecimento do crédito e a diminuição da liquidez resultam em menor gasto e investimento por parte das empresas e consumidores. Esse cenário de desaceleração econômica pode levar a uma redução na demanda por commodities, incluindo o petróleo, impactando assim os preços no mercado internacional.

Apesar da queda do preço, o economista do Julius Baer Norbert Rucker, não descarta o risco de novas elevações. Segundo ele, a ineficiência dos cortes de produção da OPEP+ e a possibilidade de intervenções adicionais do cartel para sustentar os preços da commodity, podendo impactar os preços ainda este ano.

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