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O que explica a rápida recuperação industrial chinesa

Crescimento do lucro industrial foi de 19% em agosto e dos 41 principais setores, 16 tiveram ganhos maiores que em 2019; computadores e equipamentos lideram

Por Luisa Purchio Atualizado em 28 set 2020, 13h24 - Publicado em 28 set 2020, 12h53
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  • Enquanto o restante do mundo tenta superar os impactos econômicos causados pela Covid-19, a economia chinesa dá passos firmes em uma recuperação sólida. A estratégia do país para ligar suas máquinas a todo vapor acontece, fundamentalmente, sob sua estrutura política peculiar, do Partido Comunista. Em agosto, pelo quarto mês consecutivo, as empresas ligadas à indústria chinesa lucraram. De acordo com dados do departamento de estatística do governo chinês, divulgados nesta segunda-feira, 28, o crescimento foi de 19% em agosto, após alta de 19,6% em julho.

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    Ainda que nos primeiros oito meses do ano o lucro chinês tenha sido 4,4% menor que no ano anterior, em comparação com as outras economias, o país vai muito bem. Enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê contração global em 2020 de 4,9% e os Estados Unidos terão contração de -8%, a previsão para a China é de crescimento de 1%. A atual aceleração da China acontece da mesma forma que lhe conferiu o status de segunda maior economia mundial: investimento na indústria de manufatura, em tecnologia, exportação em peso e estrondosos apoios governamentais. Desde o início da pandemia da Covid-19, o governo chinês vem incentivando as empresas e, enquanto o mundo parou, suas fábricas funcionaram a mil, bem como a venda de produtos para o mercado internacional.

     

    O país não passou imune à Covid-19 e no primeiro trimestre do ano teve retração de 6,8%, mas o que chama atenção é a sua recuperação mais rápida que dos demais países. O isolamento social severo no início da Covid-19 foi crucial para essa recuperação, e principalmente o uso de aplicativos de geolocalização que conseguiam com precisão saber quem teve contato com quem. Isso só foi possível devido à permissão que o governo chinês tem para acessar os dados pessoais da população, como regiões pelas quais passa, horário e pessoas com as quais tem contato. Além disso, contribuiu para a superação da crise o fato de a China ter um know-how adquirido com a SARS e de ter enfrentado primeiro a Covid-19 que os demais países. Isso permitiu que ela se recuperasse rapidamente da pandemia e ocupasse mercados enquanto demais países apenas começavam a enfrentar a crise.

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    Exemplo da atual potência chinesa é o índice Shanghai Shenzen CSI 300, que reúne as 300 maiores ações na Bolsa de Xangai e de Shenzhen. Desde o dia 31 de dezembro até essa segunda-feira, 28, ele cresceu 11,84%, para 4.581,91. Já a variação diária nessa segunda-feira, 28, após a divulgação do lucro industrial no sábado, foi de um crescimento de 0,26%. De acordo com a agência de estatísticas nacional, os principais propulsores desse crescimento foram a fabricação de equipamentos. Dos 41 principais setores industriais, 16 deles tiveram lucro maior de janeiro a agosto de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado. A fabricação de computadores, equipamentos de comunicação, eletrônicos e especiais, por exemplo, cresceram acima de 22%. Entre as indústrias que retraíram, está a de petróleo, carvão e processamento de combustível, com queda de 84,4%.

     

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