O que o BofA vê no cobre que o minério de ferro não tem (e as consequências para a Vale)
Cobre e alumínio são commodities preferidas pelo banco, mas minério de ferro fica para trás
O recente pacote de estímulos anunciado pela China, acompanhado pela reunião do comitê comunista do país que reforçou o suporte fiscal à economia, representou um importante impulso para a maioria dos metais negociados no mundo, mas mudou o cenário para alguns deles, tornando alguns mais atrativos do que outros, informa relatório do Bank of America (BofA) divulgado hoje.
Segundo os analistas Caio Ribeiro e Guilherme Rosito, que assinam a análise, a perspectiva permanece positiva para o cobre e o alumínio, mas a leitura para o minério de ferro é mais cautelosa. Atualmente, o BofA mantém a indicação de compra para a mineradora canadense Ero Copper, para a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e para a siderúrgica ítalo-argentina Ternium, que controla a Usiminas.
Com a leitura negativa para o minério de ferro, a consequência recai diretamente para a recomendação da Vale. Segundo o banco, que tem indicação neutra para o papel da mineradora, a companhia vem melhorando seu faturamento, mas atua no segmento que requer maior cautela nesse momento e que fica atrás de outros metais. Entre as recomendações de metais, a Vale só não fica atrás da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), da CSN Mineração (CMIN) e da Usiminas, que têm recomendação de venda.
De acordo com o relatório, a cadeia de suprimentos de cobre está “extremamente apertada” após uma série de interrupções, enquanto a demanda segue amparada pela tendência de descarbonização — o cobre é um material essencial nessa agenda, por servir para distribuição de energia e recarga de automóveis elétricos. Com isso, o time de commodities da casa prevê que os preços do cobre subam para US$ 12.000 a tonelada em 2026, o que indica uma valorização de 20% em relação aos contratos à vista da matéria-prima.
“Assim também ocorre com o alumínio, que se beneficia de uma tendência de demanda similar ao cobre, amparada pelas restrições chinesas à expansão da capacidade doméstica”, diz o material do BofA. “No caso do minério de ferro, não vemos nenhuma mudança nos fundamentos diante da política chinesa atual para o mercado imobiliário [que mais utiliza a matéria-prima].”
Ainda em relação à leitura negativa para o minério de ferro, o BofA destaca que os estoques da commodity nos portos chineses “permanecem elevados”, com perspectiva de uma oferta ainda crescente, como no caso da exploração nos campos de Onslow, Vargem Grande, Capanema e Simandou. “Portanto, vemos que os preços ultrapassaram os US$ 110 a tonelada e estimamos que eles sejam corrigidos até US$ 90 a tonelada em média em 2025”, afirmam os analistas.