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O que o Itaú vê na economia que outros bancos ainda não viram

Banco reduziu provisionamento em 23% relação ao 1º trimestre devido a sinais de retomada enquanto os concorrentes aumentaram os gastos contra inadimplência

Por Luisa Purchio, Larissa Quintino Atualizado em 4 ago 2020, 18h48 - Publicado em 4 ago 2020, 18h23

O amargo balanço do Itaú Unibanco, divulgado nesta terça-feira, 4, trouxe trouxe tombo histórico: o lucro recorrente de 40% no 2º trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, ficando em 4,2 bilhões de reais. Apesar da queda brusca, que gerou mau humor entre os investidores às vésperas da votação de um projeto no Senado que altera o cheque especial, o balanço do maior banco do país traz uma luz que não foi vista no resultado de seus concorrentes, divulgados na semana passada. Se o custo do crédito, que inclui altas provisões para proteger o balanço de calotes, chegou a 7,770 bilhões, o valor significa uma diminuição de 23% nessas provisões em relação ao primeiro trimestre. Na visão do banco, “alguns sinais de melhora” da economia permitem uma visão melhor a longo prazo.

“Este foi um dos piores trimestres da história do Brasil, em termos de desempenho econômico. Começamos agora a ver alguns sinais de recuperação, cuja efetividade dependerá de passos importantes na gestão da economia. Pelo nosso lado, estamos confiantes e preparados”, afirmou em comunicado Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco. De acordo com analistas, entretanto, o motivo dessa baixa decorreu do grande volume de provisão feito pelo banco no primeiro trimestre, na casa dos 10 bilhões de reais.

Nos primeiros três meses do ano, o Bradesco havia provisionado 2,7 bilhões de reais, enquanto o Santander preferiu não fazer esse colchão contra calotes. No trimestre recém encerrado, o Bradesco subiu suas provisões para 3,8 bilhões de reais e o Santander para 3,2 bilhões de reais. Esse volume de recursos é o quanto as instituições disponibilizam para cobrir possíveis inadimplências. O tamanho das provisões representa o temor das instituições e também o nível de risco que o banco aceitará para emprestar. Quanto maior, menor a vontade de liberar recursos.

 A visão do Itaú diferente da dos concorrentes não se deve só aos sinais de melhora da economia, mas também uma mudança em seu ‘mix’ prevendo mais segurança. “Como o Itaú migrou muito de pequenas empresas e pessoas físicas para grandes empresas, ele reduziu algumas linhas muito rentáveis” diz Marcel Campos, analista do setor financeiro da XP Investimentos. “O Itaú está buscando clientes mais seguros que rendem menos. No curto prazo isso pode ser bom porque o risco está muito grande, mas só com o tempo vamos saber se a estratégia é certa”, analisa.

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Juntos, os três bancos aumentaram os gastos com as provisões em 8,56% a mais em relação ao primeiro trimestre, mostrando ainda a falta de apetite dos riscos trazidos pela pandemia do novo coronavírus.  Apesar da disparada na inadimplência ainda não ter se confirmado, como prenunciam os balanços das instituições, o Itaú preferiu ser positivo. “O cenário ainda exige cautela, mas enxergamos uma tendência decrescente para as provisões”, justificou o vice-presidente executivo do banco, Milton Maluhy.

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