O que pensa o novo ministro sobre o preço dos combustíveis
Próximo ao ministro da Economia Paulo Guedes, Adolfo Sachsida defende a agenda de reformas e privatizações e se mostrou contrário a intervenções
A alta crescente no preço dos combustível e a também crescente insatisfação do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o tema motivaram uma nova troca no governo, a terceira que ocorre após reajuste nos combustíveis. Dessa vez, não foi a Petrobras que sofreu mudança, e sim o Ministério de Minas e Energia. Bento Albuquerque foi exonerado nesta quarta-feira, 11, e Bolsonaro nomeou Adolfo Sachsida, então secretário especial do Ministério da Economia. Próximo ao ministro Paulo Guedes, Sachsida não é partidário de medidas intervencionistas. Durante os três anos em que esteve na Economia, evitou comentar sobre o que não competia à sua área, mas defende reformas estruturantes e privatizações.
Em março, durante uma coletiva do Ministério da Economia sobre o resultado do PIB, ele falou brevemente sobre alteração na política de preços na estatal, que segundo ele poderiam gerar pressão econômica ainda maior. “Se eu criar medidas que gerem receio sobre a consolidação fiscal, risco país sobe, real se desvaloriza, combustíveis sobem. Começa com uma medida para reduzir o preço do combustível, mas é equivocada. Vai ter o resultado contrário. Entendo a demanda do Congresso e da sociedade, mas cabe a nós mostrar que elas não vão ter o resultado esperado”.
“Se quisermos diminuir o preço dos combustíveis, precisamos tomar medidas estruturais que levem à redução. Por exemplo, todas as medidas que mostrem que o Brasil é um porto seguro para investimento vão atrair investimento internacional. Com isso, o real vai valorizar. Com o real valorizando, o preço dos combustíveis cai”, disse.
Nas últimas falas no Ministério da Economia, Sachsida avaliou o contexto global na alta dos preços e da inflação brasileira, como a influência da guerra da Ucrânia e a alta das commodities como o petróleo e disse diversas vezes que a melhor maneira de combater a inflação é a consolidação fiscal.
Quem é
Secretário de Política Econômica entre janeiro de 2019 e fevereiro de 2022 e era responsável pelas projeções econômicas, como PIB e inflação. O então secretário foi forte defensor da agenda liberal do ministro da Economia, como as reformas e privatizações, e volta e meia defendia o olhar ao “copo meio cheio” na economia mas evitava abordar temas longe de sua área de atuação, como a Política de Preços da Petrobras, o grande ponto de incômodo de Bolsonaro atualmente. Além do nó dos combustíveis, Sachsida terá sob sua responsabilidade o processo de venda da Eletrobras.
O novo ministro é advogado de formação e doutor em economia pela Universidade de Brasília (UnB), ele tem pós-doutorado pela Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, e também lecionou na Universidade do Texas.
Pelo Twitter, ele agradeceu a nomeação e afirmou que esse é o “maior desafio” de sua carreira. “Agradeço ao Presidente Jair Bolsonaro pela confiança, ao min Guedes pela apoio e ao min Bento pelo trabalho em prol do país. Com muito trabalho e dedicação espero estar a altura desse que é o maior desafio profissional de minha carreira. Com a graça de Deus vamos ajudar o Brasil”, disse, na manhã desta quarta-feira.
Agradeço ao Presidente @jairbolsonaro pela confiança, ao min Guedes pela apoio e ao min Bento pelo trabalho em prol do país. Com muito trabalho e dedicação espero estar a altura desse que é o maior desafio profissional de minha carreira. Com a graça de Deus vamos ajudar o Brasil.
— Adolfo Sachsida (@ASachsida) May 11, 2022