O recado do Copom para Lula e Haddad sobre a política fiscal
No comunicado de alta da Selic, o Copom destacou que tem acompanhado de perto como os recentes movimentos na política fiscal influenciam a política monetária
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou na noite desta quarta-feira, 6, em 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros da economia. Com o ajuste, a Selic foi para 11,25% ao ano. O principal motivo que levou o BC a subir os juros é a desancoragem das expectativas de inflação — e o comitê deixou claro que o descontrole fiscal do governo Lula tem contribuído para que a inflação futura fique fora do centro da meta.
O aumento dos juros vem em um momento em que o mercado financeiro espera pelo pacote de medidas de ajuste fiscal prometido pelo governo. A demora no anúncio tem contribuído para tensionar as expectativas sobre a inflação.
A decisão unânime do Comitê — formado atualmente por cinco membros indicados por Jair Bolsonaro e quatro de Lula, entre eles Gabriel Galípolo, que vai substituir Campos Neto no comando da autarquia — deixa claro que a questão fiscal tem peso na política monetária.
Em seu comunicado, o Copom destacou que tem acompanhado de perto como os recentes movimentos na política fiscal influenciam a política monetária e o comportamento dos ativos financeiros. O colegiado reforçou ainda a importância de uma política fiscal confiável e comprometida.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, assinalou o Copom.
De acordo com o Boletim Focus divulgado na segunda-feira, 4, o IPCA deve fechar o ano em 4,59%, uma alta de 0,04 ponto percentual em relação à previsão da semana anterior. A projeção supera o teto da meta, de 3%, com uma margem de tolerância de até 4,5%.