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O setor privado pode contribuir mais no planejamento urbano

Há modelos inspiradores no Brasil e no exterior com foco no longo prazo

Por Eduardo Fischer
31 jan 2025, 06h00

Olhando para as cidades brasileiras, vejo que os principais desafios, como mobilidade, saneamento, habitação, educação e segurança, são reflexos de um planejamento inadequado ou tardio. Ao falharmos em alinhar o desenvolvimento das cidades com o crescimento populacional, geramos um déficit urbano que repercute em diversas áreas. De acordo com o IBGE, foram registrados 970 000 casamentos no Brasil em 2022. Somado ao aumento natural da população, isso reforça a necessidade de moradias.

Mas a infraestrutura urbana e a oferta habitacional não acompanham a demanda. Como consequência, surgem moradias irregulares e informais, sem os requisitos básicos de habitabilidade e segurança, impondo uma sobrecarga aos serviços públicos. A lentidão na aprovação de projetos e a complexidade das regulações afetam o setor de construção civil e retardam a oferta de soluções seguras e regulamentadas. Mas a iniciativa privada tem um papel fundamental na oferta de moradias, especialmente para as faixas de renda mais baixas, em que a demanda é maior.

Curitiba, eleita em 2024 a comunidade mais inteligente do mundo, é exemplo de planejamento urbano com continuidade e coesão. Independentemente das mudanças de administração, a cidade mantém um plano de longo prazo e assegura uma lógica de desenvolvimento que transcende ciclos eleitorais.

“Para atender à busca por moradia é vital simplificar, padronizar e agilizar regras”

Um exemplo dessa estratégia foi a criação do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) em 1965. Responsável por transformar a identidade da cidade, o IPPUC idealizou marcos importantes, como o Teatro do Paiol, o primeiro calçadão do Brasil (Rua XV de Novembro) e o emblemático Jardim Botânico. Como um órgão autônomo, o IPPUC formula e acompanha a implementação de projetos, assegurando que as políticas públicas tenham visão integrada e de longo prazo. Maringá, também no Paraná, apesar de ser uma cidade jovem, já tem 400 000 habitantes e se destaca por contar com o Codem, conselho com participação de cidadãos que ajuda no planejamento em linha contínua.

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No exterior, há modelos inspiradores. Nos Estados Unidos, os planos são aprovados em meses, permitindo uma rápida execução. Os órgãos reguladores estabelecem normas claras e acessíveis para que o setor privado possa planejar e construir sem demoras excessivas. Esse sistema, além de ágil, é baseado em previsões de crescimento demográfico, pela taxa de natalidade e pela imigração, para que a infraestrutura seja desenvolvida antecipadamente.

Simplificação, padronização e agilização das regras é essencial para atender à crescente demanda por infraestrutura habitacional e urbana. Essa mudança facilita a atuação do setor privado em projetos de moradia e mobilidade, com soluções seguras e acessíveis, contribuindo para a qualidade de vida das populações, especialmente as mais vulneráveis.

*Eduardo Fischer é presidente do grupo MRV&CO, uma plataforma de soluções habitacionais composta de cinco empresas: MRV, Sensia, Urba, Luggo e Resia

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Os textos dos colunistas não refletem necessariamente as opiniões de VEJA NEGÓCIOS

Publicado em VEJA, janeiro de 2025, edição VEJA Negócios nº 10

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