A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu sua projeção para o produto interno bruto (PIB) brasileiro neste ano de 1,9%, previsto em março, para 1,4%, segundo relatório de perspectiva divulgado nesta terça-feira, 21, pela entidade sediada em Paris.
De acordo com a instituição, o crescimento do país depende da aprovação de reformas importantes e consequente melhora na situação fiscal. Para 2020, a expectativa é de crescimento de 2,3%, pouco abaixo do patamar de 2,4% projetado nos últimos meses.
Segundo a organização, caso a reforma da Previdência seja aprovada, a tendência é que diminua o desemprego no Brasil e o país passe a crescer com mais intensidade, possivelmente já neste ano. No entanto, caso a proposta de modificar as regras de aposentadoria não entre em vigor, a entidade avalia que as despesas do governo vão aumentar, podendo levar até a uma nova recessão nos próximos anos.
A OCDE também faz referência aos embates entre governo e Congresso, analisando essa relação como um ponto a ser melhorado para a aprovação da reforma e de outros projetos fundamentais para a situação fiscal do país. “A fragmentação política e a relação desafiadora entre diferentes partes do governo estão tornando difícil a criação de um consenso político para a aprovação das reformas”, relata a instituição.
A entidade é mais uma a diminuir a projeção para o PIB brasileiro de 2019. Analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central, que já projetaram um crescimento econômico de 2,53% para o ano, também revisaram para baixo suas expectativas e, atualmente, esperam um desempenho de 1,24%. Além disso, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma prévia PIB, registrou queda de 0,68% no primeiro trimestre deste ano, segundo dados informados pelo BC.
Crescimento global também preocupa
No cenário exterior, a OCDE diminui de 3,3% para 3,2% a previsão para o crescimento econômico global em 2019. De acordo com a instituição, a incerteza no comércio, principalmente na relação entre China e Estados Unidos, influencia negativamente o quadro. Para 2020, a projeção de 3,4% se manteve.
Segundo a OCDE, as tensões comerciais geram incerteza e piora na confiança, prejudicando os investimentos. Entre os principais riscos a entidade cita a probabilidade de um período prolongado de tarifas mais altas entre Estados Unidos e China; novas barreiras comerciais entre Estados Unidos e União Europeia; uma desaceleração mais forte da economia chinesa; crescimento contido na Europa; e vulnerabilidades financeiras por causa do alto endividamento.
No caso dos Estados Unidos, a OCDE projeta crescimento de 2,8% neste ano, acima dos 2,6% previstos anteriormente. Para 2020, a expectativa subiu de alta de 2,2% para 2,3%. Para a China, as projeções de crescimento foram mantidas, em 6,2% em 2019 e 6,0% em 2020.
Na zona do euro, a projeção de crescimento aumentou de 1,0% a 1 2% em 2019, enquanto em 2020 ela passou de 1,2% para 1,4%. No Japão, por outro lado, a OCDE espera crescimento de 0,7% em 2019 quando anteriormente havia previsto avanço de 0,8%.
(Com Estadão Conteúdo)