Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Os bastidores da inusitada aquisição de 6,5% da Vale pelo grupo Cosan

A operação de 23 bilhões de reais é recebida com ceticismo pelo mercado

Por Carlos Valim, Luana Zanobia Atualizado em 4 jun 2024, 11h34 - Publicado em 22 out 2022, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Nos últimos dias, uma agitação inusual tomou conta da alta cúpula do grupo Cosan, controlado pelo empresário Rubens Ometto. Dono de usinas de cana-de-açúcar, da empresa de energia Raízen, que administra os postos Shell no Brasil, da Rumo, responsável por grande parte do transporte ferroviário de grãos do país, e da Compass Gás e Energia, o conglomerado sempre cresceu por meio de aquisições ousadas. Mas nada em sua trajetória chega perto do anúncio de que se prepara para se tornar um dos principais acionistas da Vale, o colosso da mineração sediado no Rio de Janeiro. Na sexta-feira 7, a Cosan se propôs a comprar 4,9% da empresa e depois chegar a 6,5% das ações. A operação é avaliada em cerca de 23 bilhões de reais, cifra portentosa, uma vez que a própria Cosan valia na data da proposta 33 bilhões de reais.

    Trata-se de um negócio extraordinário sob vários aspectos. Nos últimos anos, as maiores movimentações em fusões e aquisições no Brasil ficaram na casa dos 10 bilhões de reais, como a compra da SulAmérica pela Rede D’Or, da InfraCo (unidade de infraestrutura da Oi) pelo BTG Pactual, e mesmo da Amil pelo gigante americano Uni­ted­Health, há uma década. Mas tão surpreendente quanto a dimensão foi o comportamento do mercado frente ao movimento da Cosan. Na data do anúncio, as ações da companhia caíram 8,7%. Desde então, os papéis que estavam acima dos 18 reais mergulharam na faixa dos 16 reais — e permanecem por lá. “O mercado reagiu mal, primeiramente, por ser uma transação muito grande, em que a empresa vai precisar se endividar. Depois, por entender que é um negócio de pouca sinergia, uma diversificação sem ganhos claros para a Cosan”, explica Fernando Siqueira, chefe de pesquisas da Guide Investimentos.

    CONTROLE - Operações da Raízen e da Rumo: a holding de Rubens Ometto sempre teve tradição de deter a maioria acionária em todos os seus negócios -
    CONTROLE - Operações da Raízen e da Rumo: a holding de Rubens Ometto sempre teve tradição de deter a maioria acionária em todos os seus negócios – (Jefferson Coppola;/Divulgação)

    Para tentar reverter a desconfiança, os principais executivos da Cosan têm passado os últimos dias em uma maratona de reuniões e apresentações para investidores, bancos e analistas do mercado financeiro. A complexa transação envolverá, num primeiro momento, um financiamento de 8 bilhões de reais do Itaú e do Bradesco, a ser pago por meio de dividendos recebidos da Compass e da Raízen. Ao mesmo tempo, a Cosan espera já estar lucrando com os dividendos repassados pela Vale. O restante seria pago apenas a partir do fim de 2025 por meio de operações financeiras na bolsa de valores. Além do tamanho impressionante, o negócio foi visto como pouco habitual para o grupo, que tem como tradição manter o controle acionário de suas operações. “De maneira geral, os últimos movimentos da Cosan resultaram em participações majoritárias, de modo que pudesse exercer uma forte influência sobre o negócio. No caso da Vale, a Cosan será uma acionista minoritária”, diz José Eduardo Daronco, analista da casa de análise Suno Research. Na companhia, ela disputará espaço com outros grandes investidores, como a Previ, os poderosos fundos americanos Capital e BlackRock, o grupo japonês Mitsui e o Bradespar, ligado ao Bradesco, que cortou pela metade a sua presença na empresa no início deste ano. “Seria, assim, um investimento mais financeiro, um investimento como nós, pequenos investidores, acabamos fazendo nas empresas. Foge de como a Cosan está acostumada a trabalhar”, diz Giulia Nicola, analista da Nord Research.

    Em suas apresentações, os executivos da Cosan argumentam que a compra complementa o plano de se posicionar entre os ativos mais importantes do capitalismo brasileiro: a agricultura, a produção de energia sustentável e de combustíveis, e a mineração. Uma frase constantemente utilizada tem sido que a Vale é “um ativo único e irreplicável, estrategicamente posicionada onde o Brasil tem vantagem competitiva e comparativa”. Também alegam que investir na mineradora, uma empresa global, seria seguro. Afinal, caso o negócio não traga os resultados esperados, será fácil se desfazer das ações. Até o momento, o esforço de convencimento tem sido recebido com reserva pelos ouvidos da Faria Lima.

    Publicado em VEJA de 26 de outubro de 2022, edição nº 2812

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.